Topo

Paola Machado

Nunca está satisfeita com o espelho? Melhore a maneira como se enxerga

Paola Machado

05/08/2018 04h00

Crédito: iStock

Uma pesquisa realizada com 3.500 mulheres revelou que nove em cada 10 delas estão insatisfeitas com o corpo. Outro estudo realizado com adolescentes mostrou que a insatisfação corporal, avaliada pela escala de silhuetas, atinge 51% dos meninos e 65,6% das meninas. Entre as principais queixas de insatisfação corporal estão a estética, a autoestima e a saúde.

Health Magazine, dos Estados Unidos, mostrou que mais de 50% das mulheres americanas são infelizes com o corpo e as partes mais incômodas são a cintura, os quadris e as coxas. Já aqui no Brasil, o incômodo é o abdômen, os seios, as coxas, o bumbum e a cintura –esses dois últimos empatados na quarta posição.

Ser magra, definida e bonita não garante satisfação corporal. Por isso, elaborei algumas dicas para você melhorar a forma como se enxerga.

1. Amplie sua visão de beleza

A beleza não tem um padrão, uma fórmula ou uma regra. A percepção de beleza é a que você enxerga e como o outro enxerga você. Quando você se sente bem, segura, satisfeita e feliz, com certeza essa energia emana para o outro.

Outro ponto importante para você observar: já percebeu como a definição de beleza muda com o tempo e o tempo todo? Pegue referências de quadros de artistas plásticos que reproduzem a beleza nas telas e observe o quanto mudou esse "padrão" ao longo do tempo. O próprio padrão é "despadronizado". Então, use a referência do que você acha bonito.

2. Silencie sua voz crítica

As pessoas estão negativas por qualquer coisa. Uma vez assisti a um filme com meus filhos chamado "Uma dobra no tempo", de Ava DuVernay. Ele fala justamente sobre a proliferação do negativismo e a nuvem que esse sentimento gera.

Até mesmo quando escrevo aqui, as pessoas estão mais preocupadas em achar os erros do texto, quase um "caça-palavras" de erros, do que em focar na mensagem que quero passar. Isso reverbera na vida. As pessoas olham somente os erros dos outros e isso vira uma névoa de pessimismo e pensamentos ruins.

Pare um pouco. Tente ser uma pessoa mais centrada. Olhe para você, para sua saúde, tudo o que tem de bom no seu corpo, no seu ser. Ouça o que você fala para si mesmo. Tente trocar pensamentos ruins por pensamentos bons, crie uma imagem positiva de si mesmo. Não vou pedir para viver em um mundo de mil maravilhas, e sim ser mais ponderada na crítica. Criticar com positividade, para melhorar e não para destruir.

Existe um processo chamado reestruturação cognitiva, que é a capacidade de aprender a identificar alguns pensamentos irracionais, como distorções cognitivas (pensamento mágico, excesso de generalização, raciocínio emocional) que geram transtornos mentais. Comece a desenvolver sua saúde mental e sua segurança emocional. Essa não é uma tarefa fácil, é um trabalho árduo, porém efetivo.

3. Foque em sua saúde

Pare de querer ser o outro. Como você vai conseguir conquistar um corpo parecido com o de uma pessoa que você admira se ele, muitas vezes, está manipulado por programas de edição de imagem? Se nem essa pessoa consegue ter aquele corpo, será mesmo que é atingível?

Quando você foca na sua saúde, com certeza conquistará uma satisfação que busca, tanto com a saúde física quanto a mental e até a estética. Pare de viver na zona de conforto e pense nas pequenas mudanças que pode fazer aos poucos para se sentir melhor.

Encontre um exercício que goste, faça melhores escolhas alimentares, destine um tempo do seu dia para cuidar de você. Esses dias estava falando com uma paciente minha e ela disse: "Não vou treinar hoje. Estou irritada. Quando malho não sobra tempo para mim!". E eu alertei: "O treino é um tempo para você! É um tempo para você cuidar da sua saúde."

4. Dê um choque de realidade em você mesma

As mulheres frequentemente superestimam suas falhas, especialmente quando se trata do corpo. Quantas de vocês estão lendo esse texto e acham tudo no corpo gigante e desproporcional? Isso é uma visão distorcida.

Então, tente o seguinte: pegue um pedaço de linha ou barbante e use um clipe para marcar o tamanho da circunferência que você acredita ter seu abdômen, por exemplo, ou outra região que te incomoda. Em seguida, enrole a linha envolta do abdômen e marque com outro clipe o tamanho real. Note o que você enxerga e o que é real, o quanto somos capazes de aumentar e distorcer nossa visão.

Uma vez assisti a um documentário na BBC sobre pessoas que tinham distorção de imagem corporal. Elas tinham que se desenhar no chão com um giz de acordo com a forma que achavam que tinham. Em seguida, a mulher se deitava no chão sobre a forma e outra pessoa passava o giz por cima. Era notório a supervalorização das regiões que mais as incomodavam.

Analisar a sua visão de realidade é imprescindível para melhorar a forma como se enxerga.

5. Trabalhe a autoconfiança

Fique em pé, com a cabeça erguida, os ombros para trás e uma expressão agradável em seu rosto. Lembre-se que você é importante e que você tem direito a ocupar espaço no mundo. Em seguida, caminhe de uma forma em que você expresse essa atitude. Eventualmente, o sentimento de autoconfiança virá naturalmente.

6. Faça amizade com o seu espelho

Comece a olhar para si mesma, completamente vestida, em um espelho de corpo inteiro por 30 segundos. Foque nas áreas que você gosta e tente não olhar para as partes que te incomodam. Respire profundamente, faça elogios em voz alta para você mesma, principalmente no que gosta em você, enquanto olha para a sua imagem. Com o tempo, você deve se sentir mais à vontade.

Por fim, faça escolhas saudáveis, tenha uma vida ativa e trabalhe a positividade. Deseje o bem para as pessoas. Assim conquistará um bem-estar maior e melhor satisfação.

REFERÊNCIAS:
– Dumith, S.C.; et al. Body dissatisfaction among adolescents: a population-based study. 2011.
– Petroski, E.L.; et al. Reasons and prevalence of body image dissatisfaction in adolescents. 2010.

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.