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Paola Machado

Controle o que seu filho come sem neuras, isso ajuda ele a se alimentar bem

Paola Machado

25/08/2018 04h00

Crédito: iStock

Com o aumento da obesidade e da conscientização sobre os problemas de saúde trazidos pelos alimentos industrializados, é normal os pais se preocuparem cada vez mais com a alimentação dos filhos e tentarem controlar o que eles comem.

Mas tome cuidado para não exercer muita autoridade sobre o cardápio das crianças e adolescentes e encher a cabeça deles com "neuras" nutricionais. Isso pode ter efeito contrário e fazer com que eles se alimentem de maneira pior, sabia?

Uma pesquisa publicada na revista americana Pediatrics relatou a pressão que os pais exercem sobre os filhos para controlar e restringir a ingestão de alimentos com alto teor calórico, como doces e refrigerantes.

O estudo contou com 2.231 estudantes com média de 14 anos e 3.500 pais. Para saber o quanto influenciavam na alimentação dos filhos, pais e mães tiveram de responder se concordavam com afirmações do tipo: "Meu filho deve comer toda comida do prato"; ou "Se meu filho diz: 'Eu não estou com fome', tento fazer com que coma de qualquer jeito". Além do mais, os pais também emitiram opiniões como: "Se eu não orientar ou regular a alimentação do meu filho, ele irá comer só sua comida preferida".

Os resultados foram significativos. Em geral, os pais de crianças obesas eram mais propensos a relatar que precisavam se certificar de que seus filhos não estavam comendo mesmo açúcar ou alimentos ricos em gorduras. Já os pais das crianças que não tinham obesidade eram mais propensos a dizer que os seus filhos poderiam comer o que quisessem dos pratos.

Os pais, na grande maioria das vezes, têm as melhores intenções com seus filhos. Porém, os resultados sugerem que a restrição excessiva de grupos alimentares pode causar efeito reverso, fazendo com que os filhos ganhem peso em vez de emagrecer.

Esse tema pode ser de grande repercussão, mas acredito que restringir demais o cardápio de uma criança ou, principalmente, de um adolescente pode fazer com que ele encare isso como desafio e tente fazer o contrário do que você diz. Seu filho vai querer confrontar você e achar alternativas para "comer escondido".

A alimentação deve ser uma parte natural do dia e não algo forçado. Obrigar o filho a comer tudo que tem no prato, pois deixar alguma quantia é um desperdício, pode provocar mudanças no organismo e no comportamento alimentar dele. O estômago é "elástico". Se você continua comendo mesmo quando está satisfeito, aumenta o espaço dele, fazendo com que sinta cada vez mais fome. Sem falar que o cérebro também pode "entender" que é preciso comer sempre mais e mais mesmo após o sinal de saciedade ter sido enviado pelo estômago. E isso tende a virar uma bola de neve.

Portanto, se seu filho nunca consegue comer tudo que está no prato, opte por reduzir as porções –e nunca a variedade de alimentos. 

O melhor conselho científico? Que seus filhos comam com moderação e tenham sempre uma boa oferta de alimentos saudáveis durante o dia, como frutas, legumes e verduras. E também se mantenham sempre ativos e nunca deixem de fazer exercícios.

Deixe fluir e aja, sempre, naturalmente.

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.