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Paola Machado

Dores no corpo? Pode ser fibromialgia; veja como exercício reduz problema

Paola Machado

16/09/2018 04h00

Crédito: iStock

Algumas mulheres sentem dores e pontadas em locais específicos do corpo e não sabem o motivo. O desconforto pode ser causado por um problema que afeta o gênero feminino chamado fibromialgia.

Ela ocorre predominantemente em mulheres com idade entre 40 a 55 anos e dificulta a realização de uma série de tarefas motoras e cognitivas, o que provoca impacto negativo na qualidade de vida e em atividades do dia a dia.

O que é?

A fibromialgia é uma síndrome crônica sem causas bem determinadas. Acredita-se que ela pode ser gerada por predisposição genética ou alterações neuroendócrinas, psicossomáticas e do sono, além de fatores externos como traumas, artrite periférica e até mesmo microtrauma muscular por falta de condicionamento.

A doença tem como sintomas dores musculares, alterações do sono, fadiga, rigidez matinal de curta duração, sensação subjetiva de edema, formigamentos, cefaleias, síndrome do cólon irritável, fenômeno de Raynaud. A fibromialgia também está associada a problemas como depressão, síndrome do pânico, ansiedade e redução da aptidão cardiorrespiratória.

Pontos de dor da fibromialgia

A fibromialgia tende a provocar dor em áreas específicas do corpo, como coluna cervical (região do pescoço), joelhos, braços, bacia e nádegas. As pessoas com o problema costumam ter os pontos sensíveis à palpação mostrados na ilustração abaixo.

 

O exercício é aliado contra a dor

O tratamento da fibromialgia é multidisciplinar e envolve o uso de remédios, fisioterapia, alimentação, acompanhamento psicológico e prática de exercícios –há evidências científicas de que a atividade física ajuda na redução da dor.

Como as pacientes costumam apresentar baixo nível de condicionamento físico, com predisposição ao sedentarismo, o início de um treino pode ser sofrível e ocorrer muita desistência, por aumentar ainda mais dores e fadiga.

A atividade física só deve ser iniciada após liberação médica e orientada por um treinador. O treino deve ocorrer de forma progressiva, sendo que a melhora ocorre em longo prazo. Vale enfatizar que atividades de baixa intensidade são mais indicas, considerando que os pacientas são indivíduos destreinados.

A seguir, mostro os benefícios que algumas modalidades trazem para quem sofre com o problema:

ATIVIDADE AERÓBICA

A prática regular de exercícios como caminhada, corrida, ciclismo e natação vai deixar o corpo mais forte e resistente para realizar as atividades físicas do dia a dia (subir escada, agachar etc.), minimizando dores nessas e em outras situações.

Exercícios aeróbicos ainda estimulam a produção de substâncias que trazem bem-estar, reduzem a dor e turbinam o humor. Assim, minimizam problemas emocionais, como depressão e ansiedade. Além disso, o exercício aumenta a disposição, reduz a fadiga e melhora o sono. Tudo vai ajudar a aumentar significativamente a qualidade de vida da paciente.

ALONGAMENTO

O alongamento é usado como intervenção-controle e observa-se alguma melhora sobre o sono e rigidez matinal. Os benefícios com alongamento tendem a se estabilizar, diferentemente do treino aeróbico.

HIDROTERAPIA

A hidroterapia é muito indicada para pacientes com fibromialgia, pois tem pouco impacto –o que tende a gerar menos dores pós-exercício. Vai trazer benefícios semelhantes às atividades aeróbicas: redução da dor, aumento da resistência, melhora do humor e do sono etc.

IOGA

O ioga é uma atividade física alternativa mais suave. Ela aumenta a flexibilidade, o que é importante para a diminuição da rigidez e encurtamentos musculares que agravam o quadro de fadiga e dor.

A prática também pode inibir a atividade cerebral em áreas relacionadas à dor –há relatos de pacientes que não sentem incômodos no corpo durante a meditação. Já o trabalho com a autoconsciência reduz ansiedade e depressão.

Ressalto que a população afetada pela fibromialgia necessita de muitos cuidados, assim, é necessária a prática de atividades que melhorem sua qualidade de vida, sendo importante a orientação de um educador físico para que o treino seja sempre saudável.

REFERÊNCIAS:
– Valim, V. Benefícios dos exercícios físicos na fibromialgia. Rev. Bras. De Reumatol., Vol. 46, no 1, 2006.
– Sabbag, L. M. S.; Pastore, C. A.; Júnior, P. Y; et al. Efeitos do condicionamento físico sobre pacientes com fibromialgia. Ver. Bras. Med. Esporte, Vol. 13, no 1, 2007.
– Bressan, L. R.; Matsutani, L. A.; Assumpção, A.; et al. Efeitos do alongamento muscular e condicionamento físico no tratamento fisioterápico de pacientes com fibromialgia. Ver. Bras. Fisioter., Vol. 12, no 2, 2008.
– Cavalcante, A. B.; Sauer, J. F.; Chalot, S. D.; et al. A prevalência de fibromialgia: uma revisão de literatura. Rev. Bras. Reumatol., Vol. 46, no 1, 2006.
– Silva, G. D.; Lage, L. V. Ioga e Fibromialgia. Rev. Bras. Reumatol., Vol. 46, no 1, 2006.
– Berber, J. S. S.; Kupek, E.; Berber, S. C. Prevalência de depressão e sua relação com a qualidade de vida em pacientes com síndrome da fibromialgia. Rev. Bras. Reumatol., Vol. 45, no 2, 2005.
– Santos, A. M. B.; Assumpção, A.; Matsutani, L. A.; et al. Depressão e qualidade de vida em pacientes com fibromialgia. Ver. Bras. Fisioterap., Vol. 10, no 3, 2006.

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.