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Paola Machado

Além de treino e dieta, você precisa de paciência para ficar em forma

Paola Machado

11/11/2018 04h00

Crédito: iStock

Ao começar a treinar, a pergunta de muitas pessoas é: "Quanto tempo vai demorar para eu ver resultados?".

Vamos pensar em alguém obeso e sedentário, que não faz exercícios, só sai de casa de carro e passa o dia todo sentado. Concorda comigo que qualquer atividade física regular já vai melhorar seu estilo de vida?

Quando uma pessoa obesa e que não tem estímulo algum começa a realizar exercícios e se alimentar corretamente, sua resposta a essas estratégias será muito mais evidente do que uma pessoa que já treina e precisa perder poucos quilos. E para alguém que não faz absolutamente, qualquer resultado de bem-estar, emagrecimento e saúde já é muito positivo. Quantos meses ela vai ter de esperar?

Não existe uma resposta padrão, um tempo padrão, mas existem princípios que devem ser respeitados. São diversos fatores e pontos que precisamos levar em consideração para ver os resultados.

As metas devem ser intermediárias (perder 3 kg em um mês, por exemplo) visando um objetivo final realista (como emagrecer 15 kg em seis meses). Mas também é importante estipular metas semanais –como cumprir todos os treinos planejados ou manter-se firme na dieta. Pense que elas são pequenos degraus para chegar ao seu grande objetivo. Assim, será mais fácil atingir seus resultados sem frustrações.

Lembre-se que cada organismo é único

Fatores como idade, gênero, composição corporal, nível de estresse e genética influenciam os resultados. Por isso, às vezes, uma pessoa alcança um objetivo em três meses e a outra em seis. 

A individualidade biológica baseia-se no princípio de que cada indivíduo responde de forma única ao estímulo oferecido, e uma carga de treino com características semelhantes pode proporcionar respostas em proporções diferentes. Portanto, a intensidade, a duração, as repetições e tudo mais do programa de treinamento deve ser pensado e construído a partir de parâmetros fisiológicos individualizados. Por isso é tão importante contar com orientação de um profissional. A partir do conhecimento dos objetivos, aptidão física e nível de habilidade motora, ele vai adequar o treino a suas características, de modo a elaborar um programa sólido, confiável e eficaz.

Respeitado esse processo e o da conscientização do treino, entramos no período de adaptação. Para Zatsiorsky e Kraemer, em um sentido mais amplo da palavra, adaptação significa um ajuste do organismo ao seu meio ambiente, o que indica que o organismo sofre modificações para viver melhor quando o meio muda.

É fundamental saber que as melhoras no corpo não ocorrem durante uma sessão de treinamento, já que o estresse causado nesse momento normalmente gera degradação das fontes energéticas e de estruturas do organismo, piorando suas condições. O treinamento agudo poderia então ser considerado como um estímulo que, de forma crônica, poderá incorrer em melhoras orgânicas.

Quando esse processo ocorre de modo sistemático, o estresse causado resulta em ajustes do organismo (adaptação) ao novo regime ao qual ele é submetido. Segundo os autores Zatsiorsky e Kraemer, esse é o motivo pelo qual ocorrem diferentes respostas ao treinamento, conhecidas como efeitos do treinamento. Para os autores são cinco os efeitos do treinamento:

  1. Efeitos agudos: São alterações que ocorrem durante o treinamento.
  2. Efeitos parciais: São específicos, em geral, são localizados e provocados por meio de um treinamento simples, por exemplo, a realização exclusiva do supino e não de uma sessão de treinamento completa para o peitoral maior.
  3. Efeitos imediatos: São decorrentes de uma sessão de treinamento, manifestando-se imediatamente após.
  4. Efeitos crônicos: São aqueles que se evidenciam após um período de treinamento.
  5. Efeitos residuais: São retidos com a interrupção do treinamento.

Tudo depende do foco do seu treinamento e dos limites do seu organismo, que devem ser respeitados. Para realizar a sua atividade física, você não pode ter pressa, pois a pressa pode lhe render fadiga precoce, acompanhada de lesões.

É necessário ter paciência, pois seu corpo precisa do descanso, recuperação e repouso, que devem ser respeitados; além de um trabalho minucioso, que não foca em treinar para obter resultados em um período de tempo, e sim treinar para ter saúde e bem-estar para o resto da vida.

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.