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Paola Machado

Um em cada 4 adultos é sedentário. Mexa-se e fuja dessa estatística

Paola Machado

03/12/2018 04h00

Crédito: iStock

Cada vez mais se fala sobre a importância da atividade física para o corpo. Mesmo assim, o sedentarismo segue como uma pandemia global.

Um novo estudo publicado no The Lancet mostra que, em todo o mundo, um em cada quatro adultos não realiza atividades físicas suficientes, o que coloca mais de 1,4 bilhão de pessoas em risco de desenvolver doenças não transmissíveis.

Há dez anos, o The Lancet publicou um modelo em que mostrava que a inatividade física provoca uma em cada dez mortes no mundo por ano (com certeza esses números estão maiores hoje), praticamente igual ao número de mortes causadas pelo cigarro. O sedentarismo pode levar a doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, câncer de mama e de cólon entre outros.

Estudos mostram que a inatividade física, se reduzida em 10%, poderia evitar 533 mil mortes por ano. Além disso, aderir a uma rotina de atividades físicas aumentaria a expectativa de vida da população mundial em 0,68 ano, o que é comparável ao efeito de acabar com o tabagismo ou a obesidade, ou seja, significa mudança total na qualidade de vida.

De acordo com o Guia de Atividades Físicas, para evitar problemas de saúde é preciso realizar, pelo menos, 150 minutos de exercício moderado por semana. A novidade é que não há mais necessidade de fazer um tempo mínimo de exercício para que a atividade comece a valer para cumprir essa cota. Cada minuto que você se movimenta no dia a dia vale igualmente para a saúde, seja na academia, subindo escadas, seja caminhando na hora do almoço.

Sabendo disso, é hora de se mexer mais no dia a dia para acabar com o sedentarismo. Com força de vontade e organização é possível encontrar alternativas para fazer o exercício virar hábito. Bons exemplos não faltam.

Na China, Alemanha e Suécia, 20% da população caminha até o trabalho; também na China e na Dinamarca e Holanda, outros 20% vão de bicicleta para o trabalho.

Sei que no Brasil a realidade é diferente desses países. Pedestres e ciclistas não são respeitados, existe a questão da insegurança, as pessoas moram longe do trabalho. Mas precisamos encontrar meios de superar essas adversidades.

Em alguns pontos de São Paulo, por exemplo, já  há serviços de aluguel de bicicleta em que você pega a bike em um ponto e a deixa em outro. É uma ótima opção para substituir um ônibus que você teria de pegar do trabalho até o metrô, por exemplo. Ou para deixar o carro em uma região em que o estacionamento é mais barato e ir pedalando até a empresa.

Marcio Atalla, que também é educador físico e colunista do UOL VivaBem, costuma indicar várias estratégias simples para empregar a atividade no  dia a dia, como trocar o elevador pela escada ou caminhar até a padaria. Esses dias, em um dos seus posts um leitor fez o seguinte comentário:

"Voltar a pé da padaria para compensar o lanche que comi? Mas isso mudará minha vida?"

Sim, se você caminhar um pouco várias vezes ao dia, todos os dias, certamente sua vida vai melhorar –lembre-se que o papo aqui não é sobre emagrecer e sim abandonar o sedentarismo e ter mais saúde. Veja algumas estratégias para conseguir isso:

– Troque sempre o elevador pela escada;

– Se for a um local perto da sua casa, deixo o carro na garagem e caminhe;

– Faça brincadeiras com suas crianças que envolvem atividade física (pular corda, patinar, pega-pega etc.);

– Combine de jogar vôlei, futebol, tênis durante a semana com seus amigos. É ótimo para desestressar e colocar o corpo em ação.

– Se é idoso, procure aulas gratuitas de dança ou mesmo ginástica oferecidas pela prefeitura.

Tem coisas que não precisamos falar, não é? É o mesmo que querer explicar para uma criança que colocar o dedo na tomada pode dar choque. A diferença na situação da criança com a tomada e do adulto com o exercício é que a criança está aprendendo e o adulto está cansado de saber. Outra diferença é que a criança aprende e o adulto insiste em errar. É assim que a maioria das pessoas levam a vida… Conscientizem-se, sempre, em busca do que é melhor para você!

Referências:
– Guthold, R.; Stevens, G.A.; Riley, L.M.; Bull, F.C. Worldwide trends in insufficient physical activity from 2001 to 2016: a pooled analysis of 358 population-based surveys with 1·9 million participants.Vol. 6 Nr. 10 Página: e1077 – e1086. 01/10/2018.
– Ng, M., T. Fleming, M. Robinson, B. Thomson, et al. "Global, regional, and national prevalence of overweight and obesity in children and adults during 1980-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013." Lancet 384(9945): 766-781.
– WHO (2006). European Ministerial Conference on Counteracting Obesity: Diet and Physical Activity for Health. W. Word Health Organization. Istambul, Turkey.
– WHO. (2015). "Obesity and overweight." Retrieved Jan. 2016, from http:// www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/en/.

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.