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Paola Machado

Você sabe o que é osteartrite? Conheça o problema e como ele ocorre

Paola Machado

20/12/2018 04h00

Crédito: iStock

A osteoartrite (OA), também denominada osteoartrose pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), é uma condição crônica degenerativa caracterizada pela perda de cartilagem articular e inflamação sinovial, levando à rigidez articular, inchaço, dor e perda de mobilidade. Pode ocorrer em qualquer articulação, sendo as mais acometidas: quadril, joelho pés e mãos.

Afeta cerca de metade da população com mais de 65 anos e é considerada uma das causas mais significativas de incapacidade no mundo. De acordo com a SBR, a OA é a doença mais frequente entre as doenças reumáticas, sendo responsável por cerca de 30 a 40% das consultas em ambulatórios de reumatologia. Segundo dados da previdência social, é a doença responsável por 7,5% de todos os afastamentos do trabalho e é a quarta a determinar aposentadoria (6,2%).

Inicialmente, era considerada uma doença da cartilagem articular, mas pesquisas recentes demonstraram que envolve toda a articulação. A perda de cartilagem articular é a mudança primária, mas há uma combinação de mudanças celulares e estresses biomecânicos que causam várias alterações na articulação, tais como: a remodelação do osso subcondral, a formação de osteófito (conhecidos popularmente como bico de papagaio), o desenvolvimento de lesões da medula óssea, mudança no líquido sinovial e na cápsula articular.

Como ocorre?

A cartilagem articular adulta normal é formada por condrócitos e pela matriz extracelular (MEC), sendo composta por água, colágeno e proteoglicanos. Os condrócitos sintetizam esses componentes e as enzimas proteolíticas responsáveis pela sua degradação. Esses são influenciados por fatores de crescimento ou inflamatórios, estímulos estruturais e físicos e até mesmo componentes da própria matriz. A OA resulta da falha dos condrócitos em manter o equilíbrio entre síntese e degradação destes componentes da MEC.

A OA é uma doença multifatorial que pode decorrer de um trauma ou de uma inflamação que pode aumentar a atividade enzimática, levando a formação de partículas que são eliminadas por células de defesa.

Em caso de desequilíbrio entre a eliminação e produção desses componentes, é alterado o funcionamento fisiológico, estimulando os condrócitos a liberar enzimas que degradam a cartilagem. Na fase inicial, há a formação de fissuras e a redução da espessura da cartilagem. Com o tempo, podem ocorrer danos irreversíveis da cartilagem, atingindo o osso subcondral.

Fatores de risco

Não modificáveis

  • Genética. Estudos apontam para alterações genéticas em pessoas com OA.
  • Gênero. Estudos epidemiológicos apontam para maior incidência em mulheres.
  • Idade. Quanto maior a idade, maior a incidência da doença.

Modificáveis

  • Fatores nutricionais e vitamínicos. Falta ou excesso de determinadas vitaminas pode estar correlacionada com a incidência da OA, porém a maioria dos estudos são inconsistentes.
  • Tabagismo. Estudos apontam que pessoas com OA e fumam tendem a sentir mais dor.
  • Lesões ou traumas. Lesões ligamentares, de menisco ou entorse de tornozelo aumentam o risco de desenvolvimento de OA.
  • Força muscular e massa. A fraqueza muscular pode conferir risco para o início e a progressão da OA em joelho.
  • Sedentarismo. Falta de atividade física está associada a OA.
  • Excesso de atividade física. Excesso de atividade física pode sobrecarregar as articulações e aumentar o risco de OA.

Metabólicas

  • Alterações metabólicas. Diabetes tipo 2 e níveis elevados de glicose estão relacionadas com o desenvolvimento e progressão da OA.
  • Obesidade. Há um aumento de as substâncias inflamatórias que participam do processo de degradação da cartilagem. Além disso, encontramos um maior índice de massa corporal (IMC) em pessoas com OA.

Tratamento

O melhor tratamento para essa condição é a prevenção. Manter uma alimentação balanceada e a prática de atividade física moderada e regular são fundamentais para prevenir não apenas essa, mas diversas condições crônicas da atualidade.

  • Tratamento farmacológico tem bons resultados para o alívio da dor.
  • Tratamentos não farmacológicos como a fisioterapia também podem contribuir para diminuir os sintomas e melhorar a função durante as atividades do dia-a-dia.
  • Terapias comportamentais para auxiliar a perda de peso também são recomendadas pelos estudos.
  • Em casos mais graves o procedimento cirúrgico também pode ser uma opção.

Manter uma alimentação balanceada e a prática de atividade física moderada e regular são fundamentais para prevenir a OA, mas também outras diversas condições crônicas. Procure um profissional de saúde qualificado para traçar o melhor plano de tratamento para você.

*Colaboração da fisioterapeuta Dra. Renata Luri Dra. Ana Clara Maldonado, fisioterapeuta pela Universidade Federal de Alfenas 

Referências:
– Allen KD, Golightly YM. Epidemiology of osteoarthritis: state of the evidence. Current opinion in rheumatology. 2015 May;27(3):276.
– Neogi T. The epidemiology and impact of pain in osteoarthritis. Osteoarthritis and Cartilage. 2013 Sep 1;21(9):1145-53.
– Musumeci G, Aiello FC, Szychlinska MA, Di Rosa M, Castrogiovanni P, Mobasheri A. Osteoarthritis in the XXIst century: risk factors and behaviours that influence disease onset and progression. International journal of molecular sciences. 2015 Mar 16;16(3):6093-112.
– Sharma L. Osteoarthritis year in review 2015: clinical. Osteoarthritis and cartilage. 2016 Jan 1;24(1):36-48.
– https://www.reumatologia.org.br/doencas/principais-doencas/osteoartrite-artrose/

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.