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Paola Machado

Filhos de férias? Veja dicas para manter hábitos e alimentação saudáveis

Paola Machado

22/12/2018 04h00

Crédito: iStock

Nas férias, muita gente viaja e acaba mesmo saindo da rotina, principalmente no que se refere à alimentação. Muitas vezes as crianças passam um tempo maior dentro de casa, não tem mais as mesmas atividades e isso pode atrapalhar o cardápio.

Prevenir o excesso de peso na infância é a maneira mais segura de controlar esse problema, que atinge cerca de 34% dos meninos e 32% das meninas atualmente em nosso país. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Columbia e publicada pelo Jornal Americano de Medicina Preventiva fez uma análise do que chamamos de "GAP" calórico, que é o balanço entre o ingestão e gasto calórico. Notaram que, em média, as crianças teriam que "retirar" 64 calorias do seu dia para prevenir a obesidade – dependendo do peso, necessidade diária, gênero e etnia.

Para não afetar muito a alimentação dos pequenos, confira 10 dicas para manter a dieta saudável nestas férias.

1) Estimule o consumo regular de frutas, verduras e legumes

O consumo destes alimentos deve ser estimulado alcançando cerca de cinco porções ao total diariamente. A oferta de um determinado alimento repetidas vezes pode estimular o consumo deste alimento pela criança. Caso a criança recuse o consumo de uma determinada hortaliça, tente realizar formas de preparo diferentes, oferte na forma crua, cozida, ralada, na forma de purês, no meio do arroz, na carne moída, na massa da panqueca, etc. A criatividade às vezes é uma bela aliada da nutrição infantil.

2) Limite ou evite a oferta das guloseimas

Alimentos de elevada densidade energética, ricos em açúcar e gordura, como salgadinhos, doces, balas, frituras, refrigerantes e sucos artificiais, devem ter o consumo desestimulado. Não oferte estes tipos de alimentos e bebidas com frequência. Caso a criança goste muito e peça, limite para um consumo esporádico, ou tente substituí-lo por uma opção mais saudável. O consumo frequente e excessivo de calorias, com pouca variedade de nutrientes e exposição prolongada às substâncias químicas podem prejudicar a saúde da criança em longo prazo.

3) Realize as refeições em ambientes calmos

Realizar as refeições em ambientes calmos, com a televisão desligada, longe de smartphones e tablets são dicas importantes para ajudar na alimentação do seu filho. Os aparelhos eletrônicos acabam distraindo a atenção e o foco da criança, o que pode comprometer a mastigação e o processo digestivo. A refeição é um momento em que a família se reúne, e isso é muito importante para estimular o consumo das verduras e dos legumes. Um estudo recente demonstrou que crianças que realizam as refeições na mesa do jantar junto com seus pais tem um IMC menor do que crianças que fazem refeições em outros locais.

4) Mantenha em casa opções saudáveis de alimentos

Evite ter em casa e a disposição das crianças armários cheios de biscoitos recheados, balas, chocolates, doces, salgadinhos e refrigerantes.Opte por manter em casa frutas sempre a disposição. Deixe-as sempre aparente, como forma de estimular a visualização pelas crianças. Biscoitos sem recheio e iogurtes também podem entrar na lista de opções.

5) Estabeleça horário para as refeições

Ter horários para as refeições é importante para evitar que a criança vá atrás de alimentos diretamente nos armários e geladeiras fora dos horários. Programe o que será ofertado em cada refeição, mesmo se a criança ficar com a babá ou algum parente.

6) Monte um prato colorido

O colorido do prato significa maior quantidade de nutrientes e antioxidantes. Por isso, o prato do almoço e do jantar deve conter variedade de cores. Garanta que a maioria dos grupos alimentares esteja incluída no almoço e no jantar. O cardápio deve ser equilibrado, e a oferta de receitas criativas pode aumentar a aceitação das hortaliças pelas crianças.

7) Mude os SEUS hábitos alimentares inadequados

Os hábitos alimentares saudáveis dos pais podem beneficiar um bom comportamento alimentar dos seus filhos. Portanto dê exemplo, e inicie o processo de mudança dos hábitos inadequados e enraizados no contexto familiar. Isso com certeza contribuirá com uma alimentação mais saudável dos seus filhos, e para o processo de aprendizagem de educação alimentar, que ocorre principalmente na infância. Os pais atuam como modelos para as crianças, especialmente para as pequenas, que tendem a imitá-los. Por isso, os hábitos alimentares saudáveis precisam ser adotados por toda a família.

8) Não superalimente seu filho

Não insista em alimentar o seu filho com uma quantidade de alimento superior a necessidade ou o que ele consegue comer. Evite alimentá-lo sem ele pedir ou mostrar qualquer sinal de fome. Mas é claro, a regrinha de comer de três em três horas também vale para as crianças.

Em alguns casos, é comum que pais que trabalham fora compensem sua ausência levando guloseimas para os filhos. Se isso se tornar um hábito, a criança pode assimilar essa forma de consolo e agrado, procurando alimentos geralmente calóricos, para confortar a dor e o desconforto emocional. Portanto, evite a oferta destes alimentos nestas situações!

9) Reduza o tempo de exposição a propagandas de alimentos

Evitar que o seu filho passe o dia inteiro em frente à televisão é uma ótima estratégia para reduzir a exposição às propaganda de alimentos, as quais geralmente apresentam forte influencia no consumo alimentar de crianças. A maioria das propagandas veiculadas pela mídia envolvem alimentos com elevada densidade energética, com alimentos ricos em gorduras, açúcares e corantes artificiais.

10) Estimule o lazer ativo

Estimule a criança a realizar atividades recreativas e de lazer ao ar livre. Estimule a prática de esportes, sempre com a orientação de um profissional de educação física, e acompanhe o pequeno nestas atividades. O aumento do gasto energético é uma das principais estratégias, juntamente com a alimentação, para prevenir e tratar o sobrepeso infantil. Planeje atividades que envolvam toda a família, e prefira uma caminhada ou andar de bicicleta ao invés de usar o carro, sempre que possível.

Referência:
– Sociedade Brasileira de Pediatria. Obesidade na infância e adolescência – Manual de Orientação / Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científi co de Nutrologia. 2ª. Ed. – São Paulo: SBP. 2012. 142 p.
– Sociedade Brasileira de Pediatria. Manual de orientação para a alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do adolescente e na escola/Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia, 3ª. ed. Rio de Janeiro, RJ: SBP, 2012. 148 p.
– Wansink B, van Kleef E. Dinner rituals that correlate with child and adult BMI. Obesity (Silver Spring). 2014 May;22(5):E91-5.
How Many Calories to Reach Childhood Obesity Prevention Goals?

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.