Como saber quando sua dor de cabeça é uma cefaleia tensional ou enxaqueca?
Segundo dados da World Health Organization (WHO), em algum momento da sua vida ocorrerá algum episódio de dor de cabeça. Cerca de 80% da população sofre esse problema, mas somente 10 a 20% das pessoas procuram por ajuda médica. Um número muito baixo se você levar em consideração que a dor de cabeça é considerada um distúrbio incapacitante que diminui muito a qualidade de vida.
A dor de cabeça é definida como cefaleia e acomete pessoas de todas as idades, etnias e níveis socioeconômicos.
Atualmente existem mais de 100 tipos de cefaleia, sendo divididas em 2 grandes grupos:
- Primárias Origina-se no próprio segmento, não decorrendo de outras doenças, localizando-se geralmente no crânio e não na face. Exemplo: enxaqueca.
- Secundárias Sintomas decorrentes de patologias estruturais. Exemplo: uma dor de cabeça após um trauma.
A literatura nos mostra que a maior parte das cefaleias vem acompanhadas de desordens musculoesqueléticas próximas as regiões de cabeça e pescoço, mais especificamente em coluna cervical, articulação temporomandibular (ATM), e musculatura que envolve essas estruturas. O tratamento inadequado e a continuidade de sintomas a longo prazo podem acarretar desordens em outras estruturas do corpo.
Como saber a diferença entre enxaqueca e cefaleia tensional?
A enxaqueca se manifesta com qualidade pulsátil, unilateral, com uma intensidade alta, associada a náuseas, vômitos e tonturas. Podem aumentar durante um esforço físico. A cefaleia tensional consiste em irradiações de alterações estruturais do crânio e coluna cervical.
Porém, muitas pessoas podem exibir um quadro de cefaléia mista: Cefaleia tensional associada à enxaqueca. Geralmente se inicia com a cefaleia tensional e depois para a enxaqueca.
O que desencadeia?
- Mudanças na dieta e determinados alimentos.
- Desidratação.
- Tensão elevada na musculatura da cabeça, pescoço e ombros.
- Posições e posturas inadequadas.
- Ciclo menstrual.
- Distúrbios do sono.
- Bruxismo, atividade mastigatória.
- Exposição à luz, odores fortes e sons.
- Fatores emocionais como estresse, ansiedade e depressão.
- Consumo de substâncias como cafeína, analgesicos, tabaco e álcool.
Como prevenir?
A prevenção consiste em atitudes que visam erradicar as possibilidades de desenvolvimento da doença, e o controle de fatores perpetuantes da dor, como por exemplo, controle de estresse, correção de condições inadequadas de alimentação, melhora de sono e das compensações posturais, além de tratamento de doenças dentárias e nos seios faciais.
A atividade física é uma forte aliada, pois ajuda a combater fatores desencadeantes.
Tratamento
Cuidado! A maioria das pessoas demora a procurar ajuda especializada e abusa de medicamentos sem prescrição médica como analgésicos, correndo o risco de ocasionar uma cefaleia rebote ou cefaleia por abuso de medicação.
É importante sempre procurar um profissional da saúde especializado para avaliação do caso, para compreender os fatores desencadeantes que variam de pessoa para pessoa e a partir disso elaborar um plano terapêutico adequado.
O tratamento pode ser farmacológico ou não. Os métodos não farmacológicos envolvem mudanças comportamentais como hábitos na alimentação, ingestão de água e redução no consumo de substâncias como cafeína e nicotina e melhora qualidade do sono.
Associado ao tratamento não farmacológico está o tratamento fisioterapêutico. A literatura nos mostra que técnicas utilizadas dentro da fisioterapia são eficazes e seguras no tratamento de cefaleias, como a terapia manual, liberação de pontos gatilhos miofasciais e cinesioterapia, para alívio da dor — frequência, intensidade e duração, retorno de funcionalidade e prevenção de novos episódios de dor.
Procure um profissional especializado para tratamento das suas dores de cabeça e evite se automedicar.
*Colaboração da fisioterapeuta Doutora em Ciências da Saúde pela UNIFESP, Dra. Renata Luri e da fisioterapeuta Especializada em Ortopedia e Traumatologia pelo HC FMUSP – IOT, Dra. Amanda Ayumi Chimura