Ácido úrico: quais os riscos do excesso da substância no organismo
Você gosta de comer alimentos de proteína animal ou leguminosas e adicionar caldo de carne nas preparações? Sabe o que eles têm em comum? São as purinas, compostos orgânicos que, ao serem metabolizados em nosso organismo, lá no fígado, têm como um de seus produtos o ácido úrico. A maior parte das pessoas consegue desempenhar estas reações de forma adequada, porém algumas não, e consequentemente poderão ter os seus níveis de ácido úrico elevado (> 7,0 mg/dL em homens e 6,0 mg/dL em mulheres pré-menopausa), o que ocasiona uma condição clínica chamada de hiperuricemia, que propicia a formação de pequenos cristais de urato de sódio que se depositam pelo corpo, principalmente nas articulações, mas também nos rins, sob a pele ou em qualquer outra região, causando uma sensação de pontadinhas; em casos mais graves, outros riscos podem surgir como, por exemplo, uma doença inflamatória chamada gota.
Dê uma olhada na relação de alimentos e as concentrações de purinas — Corbella, 2005 — que preparamos para te explicar de forma mais detalhada:
- Alimentos com elevado teor de purinas Condimentos como caldos de carne e de galinha, extrato de carne, molhos à base de carne, vísceras (coração, rim e fígado), miolos, moela, embutidos, arenque, anchovas, mexilhão, sardinha, manjuba, cavala, ova de peixe e levedura de cerveja.
- Alimentos com moderado teor de purinas Carnes e pescados, mariscos, aspargos, feijão, lentilha, ervilha, grão de bico, favas, cogumelos, espinafre, couve flor.
- Alimentos com conteúdo insignificante de purinas Cereais, pão branco, biscoitos, doces, pastel, frutas, verduras (exceto as citadas acima), azeitona, leite e derivados, ovos, chocolate, café, manteiga, sal e açúcar.
Mas calma, pois não é porque você consome alimentos ricos nestes metabólicos que ficará doente. Porém, saiba que os níveis de ácido úrico podem se elevar em decorrência de uma grande ingestão protéica, por um aumento na produção interna ou pela redução da excreção renal. Individualmente, os níveis de ácido úrico dependem de fatores metabólicos determinados geneticamente, como atividade enzimática, fatores nutricionais e da eficiência de sua excreção renal. A condição de obesidade também está associada a esta elevação
As doenças cardiovasculares podem ser consequências da presença de fatores comuns tais como redução da taxa de filtração glomerular, hiperinsulinemia, vasoconstrição renal, uso de diuréticos ou álcool, isquemia tecidual, ou excessiva produção de radicais livres. Esta condição muitas vezes pode funcionar como um indicador de doenças cardiovasculares, porém, as complexas associações que a explicam ainda precisam ser desvendadas. Alguns estudos têm aprofundado pesquisas relacionadas ao metabolismo oxidativo, agregação plaquetária e disfunção nos vasos.
A síndrome metabólica é composta por uma série de anormalidades inter-relacionadas que incluem a intolerância à glicose, resistência à insulina, obesidade abdominal, dislipidemia aterogênica e hipertensão, e muitos estudos, (além da prática clínica), têm estabelecido uma estreita ligação entre elevadas concentrações de ácido úrico sérico e o aumento da prevalência de síndrome metabólica e todos os seus componentes individuais. Estas concentrações correlacionam-se com a elevação da pressão sanguínea, adiposidade regional e total, níveis glicêmicos em jejum, insulina, triglicerídeos, além de estarem inversamente correlacionadas com os níveis de colesterol HDL em adolescentes e adultos.
Vale a pena ressaltar também que o ácido úrico atua como um antioxidante do plasma humano, sendo um protetor contra o envelhecimento, estresse oxidativo, dano oxidativo também à função cardíaca, vascular e das células neuronais. Porém, em condições de excesso como a hiperuricemia, ele tornar-se um composto pró-oxidante e consequentemente atividade deletéria e prejudicial para o organismo.
Você gosta de bebida alcóolica? Saiba que outro elemento importante é o álcool, especialmente a cerveja, que contém purinas. No entanto, o vinho contém fatores protetores. Com relação a outros alimentos, as proteínas do leite (caseína e lactoalbumina) têm efeito uricosúrico, reduzindo a concentração sérica de ácido úrico em indivíduos saudáveis.
Viu só? Muitas são as considerações e cuidados a serem pensados, e certamente deverão associar-se aos bons hábitos alimentares e de hidratação, escolhas e combinações alimentares inteligentes, sem contar no funcionamento metabólico. O resultado implicará certamente em equilíbrio, ponderação e longevidade.