Sem causa definida, fibromialgia não tem cura, mas pode ser tratada
A fibromialgia é considerada uma síndrome de amplificação dolorosa que afeta aproximadamente de 2% a 8% da população, sendo as mulheres as mais acometidas, representando cerca de 80% a 90% dos casos.
Essa síndrome não possui uma causa definida, mas a literatura relata que ocorre uma inibição ineficaz do Sistema Nervoso Central que pode levar à modulação anormal dos receptores de dor, deixando-os hiperativos e com déficit analgésico, levando a um quadro de hiperalgesia generalizada, ou seja, uma intolerância ao toque por pressão na pele denominada de dor nociplástica.
A dor e a fadiga excessiva da musculatura têm um forte impacto nas atividades do dia a dia dessas pessoas. As queixas relatadas envolvem cansaço inexplicável, falta de ânimo e alterações de humor e, por isso, podem ser mal interpretadas e terem suas dores subestimadas, impactando negativamente nas relações profissionais e pessoais.
Alguns dos sintomas mais comuns relatados são:
- Dores musculares e articulares;
- Fadiga;
- Distúrbios de sono e rigidez matinal;
- Alterações de humor e depressão;
- Dor de cabeça;
- Dormência/queimação na pele.
A manifestação de todos esses sintomas se torna um ciclo vicioso que é potencializado pela inatividade física e predispõe ao aumento de lesões musculoesqueléticas. A fibromialgia não tem cura, mas é possível controlar os sintomas consideravelmente e ter qualidade de vida.
Caso possua esses sintomas, o ideal é procurar ajuda médica. A literatura científica já nos mostra critérios que, de forma clínica, avaliam a dor generalizada, a gravidade dos sintomas, as áreas do corpo acometidas e a permanência de sintomas por pelo menos 3 meses, que em conjunto determinam esse diagnóstico.
O tratamento deve ser realizado através do apoio de uma equipe multidisciplinar, com o suporte medicamentoso, a terapia e a reabilitação, tendo como objetivo o controle da dor, educação sobre a doença, controle de doenças associadas e higiene do sono.
Como as dores não têm uma causa definida, alguns tratamentos farmacológicos podem ser usados para auxiliar na neuromodulação da dor ou no aumento da produção de neurotransmissores que auxiliam na diminuição dos sintomas, o que deve ser discutido e prescrito pelo médico.
Atualmente na literatura, o melhor nível de evidência aponta a associação de exercício físico e TCC (Terapia Cognitivo Comportamental). Os estudos apontam que tanto exercícios aeróbicos quanto resistidos são benéficos no tratamento da fibromialgia e se relacionam diretamente à melhora e ao alívio dos sintomas. Se possível, associe os dois tipos de exercícios. Os exercícios devem ser realizados de forma progressiva e devem ser bem orientados, considerando a hipersensibilidade e as particularidades de cada indivíduo.
Portanto, ao perceber os sintomas procure ajuda de um profissional da área da saúde especializado e saiba que você não está sozinho para controlar essa doença e ter mais qualidade de vida.
*Colaboração da Fisioterapeuta Doutora em Ciências da Saúde pela UNIFESP, Dra. Renata Luri; do Fisioterapeuta Pós-Graduado em Neurofuncional pela UFSCar, Dr. Welbert Lima; e da Fisioterapeuta pela UNIFESP, Dra. Bruna Barreto