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Paola Machado

Afinal, quando devo aposentar meu tênis de corrida?

Paola Machado

27/05/2018 04h00

Crédito: iStock

Somos avisados constantemente para substituí-los, porque correr com tênis "desgastados" pode levar à diversas lesões, principalmente causadas pelo impacto e consequente sobrecarga articular, acarretando em meses de tratamentos.

Uns falam que devemos aposentá-los quando estiverem um "trapo", outros dizem quando o mau-cheiro estiver insuportável e outros mais dizem respeito a distância que aquele tênis aguenta.

Alguns, ainda, rotulam uma distância que você pode deixá-lo de lado, cerca de 500 a 800 quilômetros de uso.

Quem está certo afinal?

Talvez nenhum de nós. Segundo Rodger Kram, um pesquisador de biomecânica da Universidade do Colorado, temos tênis feitos de materiais diferentes. Alguns destes duram mais que os outros.

Os componentes mais importantes do tênis são a entressola (sola do meio) e o solado (sola exterior). As entressolas são feitas ou de acetato de vinila (EVA) ou de poliuretano. O EVA que é um maior é mais leve e tem uma maior capacidade de amortecimento que o poliuretano, porém, este último é mais durável que o EVA.

Porém, alguns fabricantes, para dar um charminho a mais, colocam bolsas de géis e ar nas entressolas, reduzindo, assim, ainda mais a durabilidade da entressola.

As solas são feitas de borracha aerada (expandida com injeção de ar) ou borracha de carbono. A primeira é mais leve e tem um melhor amortecimento, contudo dura menos que a sola de carbono.

Cada um tem suas vantagens. Se optar por um tênis com a entressola de poliuretano e sola de borracha de carbono, terá um tênis que durará mais, mas não lhe garantirá amortecimento e leveza. Se optar por um tênis com entressola de EVA e sola aerada, terá mais leveza e amortecimento, porém durará menos.

EU prefiro, a segunda opção, pois uma quantidade moderada de amortecimento melhora a execução de eficiência da corrida.

Um outro estudo, feito por Jacob Schelde, na Dinamarca, coloca em questão a relação tempo de uso do calçado pelo índice de lesões. Apesar de ser um estudo longo, de 15 meses, e com 600 corredores, não conseguiram encontrar relação entre o tempo do tênis utilizado e o risco de lesão do corredor.

Outro ponto interessante focado em estudos observacionais foi que o foco dos tênis variam de acordo com a moda. Exemplo, lembra quando falava-se muito de amortecedores? Daí vieram tênis super amortecidos. Depois vieram umas pessoas falando do "barefoot running", a moda de correr descalços. Andamos junto com um modismo.

Com tantas variáveis – tipo de tênis, o peso corredor, superfícies, estilo de corrida – talvez nunca haja uma resposta simples.

O que deve levar em consideração?

  • Características do atleta: peso, biomecânica da passada e pisada.
  • Materiais envolvidos na produção do tênis.
  • Formas do uso: freqüência de treinos, terreno, umidade, temperatura do asfalto, limpeza e armazenamento.

Dicas:

  • Coloque seu tênis sobre uma superfície reta e observe se há assimetrias, desequilíbrios, inclinações ou algum tipo de desgaste.
  • Repare na entressola. Veja se está quebradiça ou reduziu a espessura, pois, se ela estiver desgastada, pode diminuir o amortecimento e estabilidade.
  • Prefira, sempre, o tênis mais confortável para o seu pé.
  • Anote na linguinha do tênis a data que foi comprado! Assim, consegue saber quanto tempo de corrida tem o seu calçado.

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.