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Paola Machado

A baixa umidade relativa do ar pode afetar seu treino; Veja como se cuidar

Paola Machado

17/07/2018 04h00

Crédito: iStock

Dores de cabeça, garganta seca, olhos irritados, você está com algum destes sintomas? Eles podem ser consequências da baixa umidade do ar. Além de fazer muito mal para pessoas saudáveis, acomete quem tem patologias respiratórias, crianças e perturbam aqueles que praticam atividades físicas ao ar livre em horários impróprios.

A baixa umidade relativa do ar compromete demais as vias respiratórias, principalmente quando seus números chegam ao estado de alerta. Para o nosso aparelho respiratório trabalhar e responder de forma adequada, o ideal é que a umidade esteja em 60%. Quando os números estão abaixo do indicado, pessoas com doenças que comprometem as vias aéreas, como asma ou DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), têm que redobrar a atenção.

Além disso, é importante saber que a baixa umidade relativa do ar está associada a outras variáveis climáticas, como o aumento da temperatura e a menor velocidade dos ventos, o que aumenta a concentração dos poluentes primários e secundários no ar inspirado, como gás carbônico, dióxido de enxofre, hidrocarbonetos, entre outros. Por isso, o cuidado com a saúde deve ser aumentado. O ar alveolar necessita de umidade de 97% e temperatura entre 36,5 e 37º C, para efetuar as trocas gasosas (hematoses), com menor gasto energético possível. Quando isto não ocorre, o aparelho respiratório realiza um esforço maior para que o ar chegue nos alvéolos em condições ideais, gerando maior desgaste.

No caso das doenças específicas do aparelho respiratório, que as tem reage anormalmente a uma gama variada de estímulos irritativos ou inflamatórios. As mucosas respiratórias ficam mais sensíveis às agressões sofridas pelo processo respiratório, que agem como inúmeros "gatilhos" em toda a via aérea. Este processo acaba facilitando o desencadeamento de crises asmáticas.

Em condições de baixa umidade, deve-se evitar a prática de exercícios fora de ambientes climatizados. Pode ser uma boa umidificar os espaços em que se fica a maior parte do tempo, como local de trabalho e quarto. Para os portadores de asma ou DPOC, devem ser acrescidos os cuidados específicos, como hidratação por meio de instilação direta nas narinas de solução fisiológica e fazer inalação (aerossol) com soro fisiológico. Além disso, é recomendado visitar o médico para possíveis ajustes nas doses dos medicamentos utilizados.

Problemas decorrentes da baixa umidade do ar em atividades físicas:

  • Complicações alérgicas e respiratórias devido ao ressecamento de mucosas;
  • Sangramento pelo nariz;
  • Ressecamento da pele;
  • Irritação dos olhos;
  • Eletricidade estática nas pessoas e em equipamentos eletrônicos;
  • Dor de cabeça;
  • Ardência na garganta;
  • Garganta seca;
  • Mal estar e ânsia de vômito;
  • Cansaço excessivo.

Cuidados a serem tomados:

Entre 20 e 30% entramos em estado de atenção:

  • Evitar exercícios físicos ao ar livre entre 11 e 15 horas;
  • Umidificar o ambiente através de vaporizadores, toalhas molhadas, recipientes com água;
  • Sempre que possível permanecer em locais protegidos do sol;
  • Consumir bastante água.

Entre 12 e 20% entramos em estado de alerta:

  • Reforçar as recomendações do estado de atenção;
  • Evitar exercícios físicos e trabalhos ao ar livre entre 10 e 16 horas;
  • Evitar aglomerações em ambientes fechados;
  • Usar soro fisiológico para olhos e narinas.

Abaixo de 12% entramos em estado de emergência:

  • Observar as recomendações para os estados de atenção e de alerta;
  • Determinar a interrupção de qualquer atividade ao ar livre entre 10 e 16 horas como aulas de educação física, coleta de lixo, entrega de correspondência, etc;
  • Determinar a suspensão de atividades que exijam aglomerações de pessoas em recintos fechados como aulas, cinemas etc entre 10 e 16 horas;
  • Durante as tardes, manter com umidade os ambientes internos, principalmente quarto de crianças, hospitais etc.

São pequenas dicas que podem evitar problemas maiores. Tomem estes cuidados.

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.