Substâncias encontradas nos pesticidas e nos plásticos podem engordar
A obesidade é uma doença crônico degenerativa que tem crescido de forma preocupante, principalmente em pessoas que vivem nas áreas mais industrializadas.
A alimentação inadequada –caracterizada pelo consumo excessivo de carboidratos e gorduras (principalmente saturadas) — e o baixo nível de atividades física são os principais responsáveis pelo aumento de peso.
No entanto, o problema está associado a diversos fatores e não podemos dizer que ele ocorre somente por uma ou duas razões. Há um conjunto de pontos que devem ser analisados de forma individual, observando o histórico do paciente e o que aconteceu para que ocorresse o desenvolvimento da obesidade.
Para compreender o quão complexa é essa multifatoriedade, saiba que existem evidências de que algumas substâncias e agentes químicos podem contribuir para o aumento do peso, são os chamados disruptores endócrinos. Eles promovem alterações no sistema de produção de hormônios, o que pode levar ao aumento de peso em longo prazo.
Essas substâncias são muito estáveis e podem ser encontradas em produtos que estão em nosso dia a dia, como certos tipos de pesticidas (presentes nos alimentos), produtos químicos industriais, plásticos e combustíveis. Alguns exemplos de disruptores endócrinos que temos contato com grande frequência são o bisfenóis e ftalatos, que inclusive podem estar presentes em embalagens plásticas e utensílios domésticos.
Acredita-se que essas substâncias estimulam receptores denominados PPARϓ presentes no tecido adiposo, aumentando a taxa de lipogênese, ou seja, o acúmulo de gordura, além de potencializar o aumento das células de gordura de homens e mulheres.
Alguns produtos plásticos são livres de bisfenóis A –eles apresentam a informação BPA free na embalagem –, porém, muitas vezes, a substância é substituída por outro componente similar chamado bisfenol S. Esse tipo de bisfenol é tão tóxico quanto o outro; sendo que ambos imitam a ação do estrogênio (hormônio feminino. As alterações no estrogênio podem alterar o desenvolvimento de crianças e causar puberdade precoce.
Vale ressaltar que, por precaução, alguns países, inclusive o Brasil, optaram por proibir a importação e fabricação de mamadeiras que contenham Bisfenol A, considerando a maior exposição e susceptibilidade dos indivíduos usuários deste produto.
O que fazer para ficar longe das substâncias que engordam
No dia a dia, nem sempre é possível ter certeza de quais materiais plásticos contêm disruptores endócrinos. Afinal, aquele pote antigo que você pegou emprestado da sua mãe já não tem a embalagem faz tempo, a garrafinha que ganhou de brinde na academia veio sei lá de onde. Então, o melhor é tomar alguns cuidados como:
– Trocar os talheres de plástico por talheres de aço inoxidável.
– Trocar itens da cozinha de plástico por materiais de vidro (que é inerte e não reage com alimentos) ou de aço inoxidável –atente-se: os materiais de aço devem evitar arranhões, para que não sejam expostos os metais utilizados na fabricação.
– Em lanchonetes, evite consumir ketchup, mostarda e maionese que não estão na embalagem original e ficam armazenadas naquelas bisnagas de plásticos.
– Para treinar, prefira por garrafinhas de aço inox. Além das de plástico, cuidado com as de alumínio, que também costumam ser revestidas por uma camada de plástico por dentro. Por isso, preste muita atenção na fabricação e componentes quando escolher uma garrafa de plástico ou alumínio.
– Os pais devem ficar atentos aos brinquedos das crianças em fase oral, pois elas costumam levar todos à boca. Veja com atenção a composição do produto.
– Pesquisas mostram que ferver as garrafinhas plásticas libera ainda mais as substâncias tóxicas –quando elas estão presentes em sua composição, claro. Para se ter uma ideia, um estudo mostrou que quando as garrafas plásticas foram preenchidas com água em temperatura ambiente, o bisfenol A foi lixiviado a uma taxa de 0,2 para 0,8 nanogramas por hora. Depois, ao serem expostas à água fervente, as garrafas com o produto químico passaram para uma taxa de 8 a 32 nanogramas por hora.
Apesar de não estar ainda elucidado o papel dos disruptores endócrinos sobre o impacto no aumento crescente de obesos, indícios apontam que a etiologia do ganho de peso é bem mais complexa do que se acredita ser. Portanto, quanto mais longe você conseguir ficar de possíveis causadores de problemas, melhor.