Topo

Paola Machado

Osteoporose: o que é e como o exercício ajuda a evitar o problema nos ossos

Paola Machado

21/11/2018 04h00

Crédito: iStock

A osteoporose é uma doença que acomete homens e, principalmente, mulheres. A International Osteoporosis Foundacion (IOT, 2012) estima que 200 milhões de mulheres no mundo –aproximadamente um décimo das mulheres com 60 anos, um quinto das mulheres com 70 anos, dois quintos das mulheres com 80 anos e dois terços das mulheres com 90 anos. A osteoporose causa mais de 8,9 milhões de fraturas anualmente, isso representa uma fratura osteoporótica a cada três segundos.

Tecido ósseo

Para entendermos como ocorre a osteopenia e osteoporose no nosso corpo, precisamos elucidar o que é o tecido ósseo e como ele funciona.

É formado pelo arcabouço orgânico de fibras colágenas e células como os osteoclastos, osteoblastos, osteófitos e sais inorgânicos como o Ca (cálcio), que formam a matriz óssea. Células dos tecidos ósseo como o osteoclastos possuem a função de reabsorção do cálcio dos ossos; os osteoblastos a produção da parte orgânica da matriz óssea; e o osteócito a manutenção da matriz óssea.

A matriz óssea fornece elasticidade, rigidez óssea, resiliência a tensão, força e compressão. O esqueleto tem como função suporte, proteção, reserva de minerais, movimento e hemopoiese (formação de células do sangue).

O crescimento ósseo depende da interação de pressão no sentido de ossos bem formados e mantidos, hormônios e nutrição. Os ossos humanos sofrem constante remodelação, que é a taxa de formação dos osteoblastos versus a taxa de reabsorção dos osteoclastos.

A remodelação é regulada pela ação do paratormônio, da calcitonina e de hormônios sexuais. A função da remodelação óssea é o reparo de microlesões musculoesqueléticas, manutenção da resistência óssea e retirada do cálcio ósseo para manutenção de calcemia (concentração de cálcio ionizado no sangue).

Naturalmente, nosso corpo, a partir dos 40 anos, apresenta uma maior taxa de reabsorção óssea, ou seja, ocorre um desequilíbrio entre a atividade dos osteoclastos e osteoblastos, a proporção de formação e reabsorção óssea se altera, levando à perda de massa óssea, até então natural e gradativa.

Em mulheres, o estrogênio desempenha papel antirreabsortivo importante no metabolismo ósseo. Assim, com o menopausa há um declínio da concentração desse hormônio e uma maior incidência acomete esse grupo populacional.

Diferenças entre osteopenia ou osteoporose

Quando a perda de massa óssea se acelera e leva o osso a ficar poroso, chega ao estágio intermediário de osteopenia. Se a perda de massa óssea se manter acelerada, ocorrerá uma fragilidade no osso com consequente aumento de risco de fraturas tornando-se então a doença denominada osteoporose.

A osteoporose é uma doença caracterizada pela redução no conteúdo mineral e desarranjo na microarquitetura do tecido ósseo. Ela é silenciosa e indolor, acompanhada do risco de fraturas, tornando-se um problema preocupante. Além da suscetibilidade a fraturas,  ocorrem também alterações biomecânicas na postura.

Problemas relacionados à osteoporose

As fraturas mais comuns são em fêmur proximal/quadril e vértebras. Geram complicações como dor, incapacidade física, deformidade, diminuição da qualidade de vida, aumento da morbidade e morte. No Brasil, estima-se que apenas um em cada três  pacientes com fratura de quadril seja diagnosticado como portador de osteoporose e, destes, apenas um em cada cinco recebe algum tipo de tratamento.

Fatores de risco

Baixo índice de massa magra, tabagismo, ingesta abusiva de bebidas alcoólicas, inatividade física, baixa ingestão dietética de cálcio e mulheres após a menopausa.

Prevenção e o papel do exercício 

A prevenção da osteoporose se inicia desde que nascemos, pois ossos bem formados sofrem menos com o envelhecimento. É importante manter uma dieta rica em cálcio, saudável e equilibrada, controle de alterações hormonais e se expor moderadamente ao sol, para obter a forma ativa da vitamina D suficiente para manter os ossos saudáveis.

Praticar atividades físicas também é importante, especialmente exercícios de impacto, como corrida é caminhada, e treino resistido (musculação). Essas modalidades aumentam a densidade de massa óssea.

Tratamento

Visa-se o tratamento multidisciplinar, que une a interação medicamentosa, aspectos nutricionais e exercícios físicos sob supervisão de profissionais habilitados. O tratamento fisioterapêutico promove melhorias no equilíbrio, na postura, na mobilidade articular, no fortalecimento muscular, na capacidade funcional, na coordenação, na qualidade de vida e na prevenção de quedas e fraturas.

Em pacientes com osteoporose ou osteopenia é importante ser realizado exercícios que contemplem o fortalecimento muscular para ganho de massa muscular que por meio do efeito piezoelétrico estimula o consequente ganho de densidade mineral óssea.

A prática de atividade física supervisionada por um profissional da saúde somada às orientações quanto a recomendações de movimentos seguros, atividades de vida diária, cuidados e adaptações no lar são imprescindíveis para a diminuição dos riscos de fraturas e potencial melhora clínica. Procure sempre um profissional da área da saúde para mais orientações.

*Colaboração da fisioterapeuta Dra. Renata Luri e da Dra. Bruna Barreto

Referências:
– BERGLAND, A, et al. Effect of exercise onmobility, balance, and health-related quality of life inosteoporotic women with a history of vertebral fracture: arandomized, controlled trial. Osteoporos Int.;22:1863–71, 2011.
– BURKE, T.N, et al. Postural control in elderly women with osteoporosis:comparison of balance, strengthening and stretching exercises. A randomized controlled trial. Clin Rehabil;26:1021–31, 2012.
– FARES, A. Pharmacological and non-pharmacological means for prevention of fractures among elderly. International journal of preventive medicine, v. 9, 2018.
– GILLESPIE L.D, et al. Interventions for preventing falls inolder people living in the community. Cochrane DatabaseSyst Rev. 2012.
– IOF International Osteoporosis Foundacion, Data & Pubications Facts and Statistics. Disponível em: < https://www.iofbonehealth.org/facts-statistics> Acesso em: 05/11/2018.
– Ministério da Saúde Brasil. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Osteoporose. (Portaria SAS / MS 451 de 09 de junho de 2014, retificada em 18 de junho de 2014). Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/dezembro/15/Osteoporose.pdf>. Acesso em: 05/11/2018.
– MIKO, I. et al. Effect of a balance-training programme on postural balance, aerobic capacity and frequency of falls in women with osteoporosis: a randomized controlled trial. Journal of rehabilitation medicine, v. 50, n. 6, p. 542-547, 2018.
– RADOMINSKI, S, C. et al. Diretrizes brasileiras para o diagnóstico e tratamento da osteoporose em mulheres na pós‐menopausa. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 57, p. 452-466, 2017.
– REGINSTER J,Y; BURLET, N. Osteoporose: prevalência ainda rescente Osso.; 38 (suppl 1):S4-S9, 2006.
– TU, K, N. et al. Osteoporosis: A Review of Treatment Options. Pharmacy and Therapeutics, v. 43, n. 2, p. 92, 2018.
– ZABAGLIA, S,F, C. et al. Is Tubal Ligation a Risk Factor for a Reduction of Bone Mineral Density in Postmenopausal Women?. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 23, n. 10, p. 621-626, 2001.

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.