Quais fatores afetam a flexibilidade? Ser muito flexível é ruim?

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A flexibilidade é essencial para nossa vida. Desenvolver a flexibilidade é uma necessidade básica para qualquer movimento do dia a dia, mesmo aqueles que requeren um mínimo de mobilidade do seu corpo, como abaixar para amarrar o tênis, pegar coisas no alto, lavar os cabelos, pegar algo no chão ou para praticar qualquer modalidade esportiva.
Por isso, se a flexibilidade não for trabalhada, existe a possibilidade de que, com o avanço da idade, o indivíduo tenha dificuldade para realizar atividades simples.
O que é a flexibilidade?
Podemos definir flexibilidade como a capacidade física responsável pela amplitude do movimento em determinada articulação ou conjunto de articulações.
Fatores que interferem na flexibilidade
– Gênero Mulheres apresentam maior flexibilidade, pois os tecidos são menos densos.
– Idade Na transição da infância para a adolescência, a flexibilidade apresenta o seu valor máximo.
– Temperatura Com o calor corporal e o calor do ambiente há um relaxamento do músculo e um aumento da flexibilidade.
– Massa muscular Quando muito desenvolvida (exemplo, um fisiculturista), a massa muscular pode ser um fator de limitação mecânica.
Benefícios de ter uma boa flexibilidade
- Aumento da qualidade do movimento;
- Melhora da postura;
- Diminuição dos riscos de lesões;
- Melhora do relaxamento muscular.
Para o desenvolvimento da flexibilidade e ganho de todos os seus benefícios, você precisa praticar uma atividade física com tensão muscular com intensidade moderada. Bastam duas sessões por semana: uma que trabalhe a flexibilidade e outra para a manutenção dela, trabalhando todos os grupos musculares em cada sessão.
Ser extremamente flexível é bom?
O excesso de flexibilidade é uma situação tão comum que aplaudimos em shows, como do Circo de Soleil, em que os contorcionistas fazem movimentos "elásticos", ou quando assistimos na TV a famosa boneca de pano ou a moça que sai da mala.
A hipermobilidade articular ocorre devido à frouxidão dos ligamentos e das estruturas articulares, e por isso a articulação (ou um grupo de articulações) se move além de sua amplitude de movimento normal. Assim, existe a possibilidade de realizar movimentos não habituais, como o de tocar o antebraço com o polegar do mesmo lado.
É considerada um sinal clínico comumente encontrado em crianças e mulheres. Frequentemente se relaciona a uma característica familiar, mas pode surgir decorrente de trauma, cirurgia e doenças inflamatórias, como a artrite reumatóide, podendo ser amplificada pelo exercício físico. Além disso, pode estar relaciona a uma característica de distúrbios hereditários multissistêmicos e graves.
Hipermobilidade hereditária ou adquirida?
Hipermobilidade articular hereditária é geralmente congênita e afeta várias articulações. Já a hipermobilidade articular adquirida é comumente limitada a uma ou poucas articulações. A anamnese –coleta da história familiar e pessoal — e o exame físico de parentes próximos auxiliam a diferenciação. A associação significativa de hipermobilidade articular com distúrbios não é suficiente para diagnosticar a existência de uma síndrome genética, mas é um indicador de comorbidades associadas à hipermobilidade articular.
Hipermobilidade articular localizada x generalizada x periférica
A localização corporal é uma boa perspectiva para classificar a hipermobilidade articular.
– Hipermobilidade articular localizada Amplitude de movimento excessiva em um único local, com possível apresentação dos dois lados do corpo (bilateral), no caso de articulações temporomandibulares e dos membros (braços ou pernas).
– Hipermobilidade articular generalizada Em múltiplos locais envolvendo os quatro membros e o tronco.
– Hipermobilidade articular periférica Observada em locais múltiplos como mão e pés e bilaterais, naturalmente diminui com a idade.
Sintomas
A síndrome de hipermobilidade é benigna, de bom prognóstico e não é necessário fazer excessivas investigações complementares. É uma condição frequentemente assintomática.
A coexistência da hipermobilidade com a instabilidade articular é um fator importante que influencia diretamente possíveis sintomas. Tanto a hipermobilidade articular quanto a instabilidade articular podem predispor a traumas articulares de forma repetitiva nos tecidos e levar a disfunções biomecânicas e neuromusculares.
Tratamento multidisciplinar
Como a amplitude de movimentos é maior que o habitual e a consciência corporal da pessoa também se modifica, os movimentos inadequados sem consciência levam a um maior risco de lesões, como as distensões e luxações. A educação e participação ativa do paciente e da família, programas de exercícios específicos e a intervenção fisioterapêutica são recomendados para tratar e também prevenir sintomas da hipermobilidade. O tratamento multidisciplinar pode envolver médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e, no ambiente escolar, professores e pedagogos.
Síndrome da Hipermobilidade
O excesso de flexibilidade, chamado de síndrome da hipermobilidade, pode estar associado a dores vinculadas a uma situação que acomete em torno de 25% a 50% das crianças com idade menor de 10 anos. O início se dá com dores intensas, no final do dia ou no período da noite, acometendo os joelhos, tornozelos e pés de forma mais frequente.
Os pais julgam sempre ser uma dor qualquer e a criança acaba evitando de participar de atividades físicas escolares por conta da dor. É possível de analisar se o seu filho apresenta a síndrome com testes simples, porém, para constatação, é necessário avaliação e diagnóstico médico.
Teste 1 Avance o dedo polegar até encostá-lo no antebraço.
Teste 2 Fique em pé e, sem fletir o joelho, encoste as palmas das mãos no chão.
Teste 3 Observe se, em posição ereta –como a de soldados –, os joelhos fazem a curvatura para trás.
Uma vez feito o diagnóstico da síndrome é necessário dois tipos de abordagem:
– Tratamento medicamentoso.Com orientação e supervisão médica –no caso de dor.
– Tratamento não medicamentoso Condicionamento físico, pois é de extrema importância para a melhora da síndrome, onde a criança deve ser orientada e avaliada por um fisioterapeuta, que fará a recomendação dos exercícios adequados para um condicionamento progressivo, visando o fortalecimento das estruturas musculares e de sustentação articular, melhorando, assim, as crises de dor devido ao não desenvolvimento de distensões.
Essa é uma condição benigna que melhora com a idade e, embora em alguns casos cause dor, não se deve retirar a criança de atividades diárias já realizadas. A todo instante, a criança tem que ser estimulada e encorajada a participar de jogos e esportes, estando devidamente orientada.
*Colaboração da fisioterapeuta Dra. Renata Luri (UNIFESP)