Carambola afeta os rins? Coco engorda? Veja mitos e verdades sobre frutas

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Quando se fala em alimentos, existem muitos mitos e tabus. E nem mesmo as frutas escapam dessa temática tão polêmica.
Existem diversos tipos de frutas e na nossa realidade brasileira a variedade é muito grande devido à importante biodiversidade e clima tropical do nosso país. Segundo o Embrapa, o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas com cerca de 45 milhões de toneladas ao ano.
Diversos estudos científicos comprovam os benefícios do consumo de frutas frescas na redução de estresse oxidativo, redução nas complicações do diabetes, controle do aumento de peso e redução de alterações metabólicas. Devido ao seus diversos benefícios, vamos esclarecer alguns mitos e verdades sobre as frutas.
A carambola causa problema renal?
A carambola não causa doença renal. Entretanto, traz certos perigos. Indivíduos que possuem doença renal crônica (DRC), por exemplo, podem ter sérios problemas ao consumirem esta fruta.
A carambola possui uma neurotoxina que pode provocar alterações neurológicas, envolvendo soluços e confusão mental, até quadros graves como convulsões e morte. Entretanto, isso acontece em pacientes com problemas renais, justamente pela dificuldade ou impossibilidade em eliminar esta toxina pela urina.
Um estudo de caso já relatou que, mesmo em pessoas com função normal, a ingestão de grande quantidade de carambola e a ingestão de pequena quantidade com o estômago vazio pode prejudicar o trabalho dos rins –gerar insuficiência renal aguda, que é um crise e não uma doença — e causar neurotoxicidade, devido ao grande teor de oxalato presente na fruta. Portanto, a nossa dica é que consuma a fruta com moderação e sem excessos.
O coco e o abacate engordam?
O abacate e o coco são as frutas com teores mais elevados de gordura, quando comparados a maioria das outras frutas disponíveis para consumo em nosso dia a dia. Portanto, são mais calóricas do que as demais –100 gramas de abacate fornecem 96 kcal e 100 gramas de coco fornecem 406 kcal.
Pensando em balanço energético, se um indivíduo ingerir quantidades excessivas de abacate e coco e for uma pessoa sedentária pode gerar um balanço positivo, que facilita o ganho de peso. Mas não devemos limitar estas frutas tão interessantes apenas ao seu valor calórico. Vamos analisar a sua composição nutricional no que se refere aos tipos de gorduras e teor de fibras:

Teor de gordura e fibras (gramas) por 100 gramas de alimento.
O abacate apresenta maior proporção de gordura monoinsaturada, que é um tipo de gordura relacionado a diversos benefícios no controle metabólico, redução de LDL-colesterol, melhora da sensibilidade à insulina e redução de risco de doença cardiovascular.
O coco por sua vez é uma das mais importantes fontes de gordura saturada de origem vegetal, principalmente do ácido láurico. Seu consumo pode trazer benefícios no que se refere à saciedade, ao consumo de fibras, controle glicemico e aumento do HDL (tipo de lipoproteína considerada protetora). Entretanto, o excesso não é recomendado, pois o ácido láurico se relaciona ao aumento de LDL também.
O tamanho da porção recomendada varia de acordo com a necessidade de cada indivíduo. Sugere-se em média o consumo de 2 a 3 colheres de sopa de abacate e ¼ do coco seco ou 5 pedaços pequenos.
A inclusão de abacate e coco na dieta de emagrecimento é considerada uma estratégia alimentar simples para aumentar a ingestão das gorduras mono e poli-insaturadas, além de dar mais saciedade nos pequenos lanches e aumentar a ingestão de fibras.
As frutas podem ser consumidas à vontade?
Não. Na alimentação humana, nenhum alimento deve ser consumido em excesso, pois podem aumentar muito a ingestão de determinado nutriente, o que em alguns casos não é interessante. A exemplo do coco fresco pelo teor de gordura saturada; ou o abacate pelo teor de calorias.
A frutose da fruta faz mal à saúde?
A frutose é um tipo de carboidrato naturalmente presente nas frutas. Em excesso, ele de fato causa diversos prejuízos na saúde. Entretanto, a quantidade de frutose presente na fruta é muito menor do que a frutose presente no xarope de milho e no mel, utilizados como ingredientes dos produtos industrializados. Portanto, as principais causas do consumo excessivo de frutose ocorrem pela ingestão de mel e produtos industrializados.
Importante pontuar que a sacarose –açúcar de mesa ou açúcar branco — é composto por 50% de glicose e 50% de frutose. Ou seja, o consumo excessivo de açúcar e produtos que contenham açúcar pode sim causar malefícios a saúde.
O consumo excessivo de frutose e açúcar se relaciona ao acúmulo de gordura no fígado, alteração de triglicérides no sangue, aumento de ácido úrico, síndrome metabólica e ganho de peso. Se você ainda não está convencido de que a frutose naturalmente presente nas frutas não faz mal, dê uma olhada na imagem que preparamos para você verificar o teor de frutose:

Fonte: ABESO.
As frutas devem ser evitadas por quem tem diabetes?
Não. As frutas possuem diversos nutrientes importantes em sua composição, por isso precisam estar diariamente na alimentação, incluindo na dieta de indivíduos que apresentam diabetes.
O que pode acontecer é que em algumas situações o consumo de determinantes frutas em quantidades maiores pode elevar a glicemia para quem tem este problema. Por isso, é importante se conhecer a carga glicêmica das frutas.
A carga glicêmica (CG) é uma forma de medir o potencial que determinada porção de alimento tem em impactar a glicemia. Para pacientes que precisam controlar a glicemia, o ideal é optar por alimentos de baixa e moderada carga glicêmica ou ainda associar as frutas a uma fonte de fibra solúvel, como a aveia, para dificultar a absorção do carboidrato.
O suco de fruta, por ser preparado com maior porção de fruta do que você comeria normalmente (três laranjas, por exemplo), por ser retirado as fibras e o bagaço e ainda por ter acréscimo de açúcar apresenta carga glicêmica bem superior as frutas in natura. Desta forma, o consumo de suco merece uma atenção especial para as pessoas que precisam controlar os níveis glicêmicos.

Fonte: Kaye Foster-Powell, Susanna HA Holt, and Janette C Brand-Miller. International table of glycemic index and glycemic load values: 2002. Disponivel em: 1,2https://www.diabetes.org.br/publico/images/pdf/2016/nutr-2002-foster-powell-5-56.pdf
*Colaboração da nutricionista Dra. Deborah Masquio (UNIFESP)