O que a mamãe em fase de amamentação pode ou não pode comer
A fase de lactação ou amamentação é considerada um período de grande importância para a nutrição da criança.
O aleitamento materno fornece uma diversidade de benefícios à saúde do bebê, como nutrientes em quantidades adequadas e suficientes nos primeiros seis meses de vida e fatores imunológicos que protegem a criança de doenças infecciosas.
Benefícios em longo prazo também já são reconhecidas pelo aleitamento materno, como redução no risco de desenvolvimento de obesidade, diabetes mellitus e síndrome metabólica. Atualmente, recomenda-se o aleitamento materno de maneira exclusiva por seis meses.
O contato com diferentes sabores e a formação do paladar da criança iniciam-se em fases precoces da vida, começando na fase de gestação e lactação. Estudos científicos comprovam esta relação. Sabe-se que o líquido amniótico e o leite materno possuem sabores que são recebidos pelo feto na fase intra-uterina e pelo bebê durante a lactação por meio dos hábitos alimentares materno.
Portanto, a alimentação da mamãe pode contribuir na formação das preferências alimentares da criança já durante a gestação e na fase de aleitamento materno, impactando de maneira bem evidente no desenvolvimento.
Um aspecto importante a ser considerado é que a fase de lactação é uma fase de grande demanda energética. A mamãe que está amamentando exclusivamente o seu bebê chega a gastar quase 700 kcal ao dia para garantir a produção láctea. Desta maneira, quando apresentam um estilo de vida saudável, tendem a reduzir o peso e alcançar seu peso pré-gestacional com mais facilidade.
O que deve ser incentivado à mamãe na fase de amamentação?
- Frutas, verduras e legumes
O consumo destes alimentos é extremamente importante na alimentação da mamãe lactante, pois são as principais fontes de vitaminas e minerais pela alimentação. A composição de vitaminas do leite materno depende do consumo alimentar da mãe, o que reforça a necessidade de uma alimentação saudável pela nutriz.
Estudos também comprovam que o consumo destes alimentos na fase de lactação aumenta a aceitação do bebe na fase de alimentação complementar, gerando um impacto positivo na aceitação alimentar nos primeiros anos de vida da criança.
- Variedade de alimentos
A variedade dos alimentos é de fundamental importância para garantir o aporte dos diversos nutrientes, que serão importantes para garantir a composição adequada do leite materno. A variedade de ingestão alimentar na fase de lactação também aumenta a exposição com variedade de sabores à criança.
- Hidratação
Na fase de lactação, recomenda-se aumentar a ingestão de água, pois as nutrizes estão mais vulneráveis a desidratação, em especial em regiões mais quentes do país. Portanto, garantir a correta hidratação, no mínimo 2 litros de água por dia é uma prática fundamental.
- Consumo de ácidos graxos polinsaturados
As gorduras polinsaturadas são de dextrema importância para a formação do sistema nervoso central do bebê, da retina, para a regulação positiva na expressão de diversos genes que regulam o metabolismo e as reservas corporais de gordura.
Na fase de amamentação, o bebê recebe estes ácidos graxos via leite materno, o qual contém proporções diretamente relacionadas à ingestão alimentar da mãe. Por isso, recomenda-se ingestão de fontes alimentares de ômega 3, obtidos por alimentos como peixes e sementes. A necessidade de suplementação de ômega 3 deve ser avaliada por um médico ou nutricionista, com base na ingestão alimentar materna.
O que não deve ser incentivado na fase de amamentação?
- Consumo de álcool
O consumo de bebida alcoólica não é recomendadona fase de amamentação, pois é transferido ao leite materno de maneira muito eficiente. A quantidade de álcool do leite materno é proporcional à ingestão materna. O pico de concentração do álcool no sangue após a ingestão ocorre em torno de 30 a 90 minutos e sua eliminação ocorre após 2 horas.
Os efeitos do álcool no bebê incluem sonolência, sono profundo, fraqueza e ganho de peso inadequado, comprometendo inclusive o desenvolvimento. Portanto, as mães devem ser desestimuladas a ingerirem bebidas alcoólicas em qualquer fase da lactação.
- Cafeína
Em estudos experimentais, o consumo de cafeína no período perinatal (gestação + sete dias após o nascimento) em doses moderadas alterou o desenvolvimento e o comportamento da prole. Em humanos, não existem evidências comprovadas. Assim, as recomendações para ingestão de cafeína na fase de lactação pela mãe corresponde a uma dose máxima de 200 a 300 mg de cafeína, o que equivale a 2 a 3 xícaras de café por dia.
- Gordura trans
Os ácidos graxos trans (AGT) estão presentes no sangue e leite materno em quantidades proporcionais à ingestão materna. Portanto, são disponibilizados ao bebê be e possivelmente incorporados em diversos tecidos do organismo fetal e do neonato. As principais fontes alimentares de ácidos graxos trans são os alimentos ultraprocessados, ou seja, alimentos industrializados.
Estudos experimentais revelam que a ingestão de gordura trans durante a gestação e lactação pode interferir no controle da fome e da saciedade da geração futura, alterar o metabolismo e a disponibilidade de ácidos graxos polinsaturados, contribuindo para alterações metabólicas e maior risco de doença cardiovascular.
- Restrição calórica
A fase de amamentação não deve ser uma fase de restrição na ingestão de calorias, pois a ingestão insuficiente de calorias pode prejudicar a produção de leite materno. A nutriz deve estar consciente que o processo de amamentação por si só já promove redução de peso, pois é um ato que envolve grande gasto calórico.
*Colaboração da nutricionista Dra. Deborah Masquio (UNIFESP)