63% das mortes são por doenças crônicas, e sedentários têm maior risco
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) –entre elas, doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, problemas respiratórialos e transtornos mentais — são a principal causa de mortalidade, representando 63% dos óbitos anuais.
A prevalência de DCNT e o número de mortes têm expectativas de aumento substancial devido ao envelhecimento populacional associado às mudanças comportamentais e de estilo de vida, que compõem alguns dos fatores de risco tanto ocupacionais quanto ambientais. A detecção, rastreio e tratamento de DCNTs são componentes-chave para o manejo correto dessas doenças.
Quais dessas doenças são mais graves?
As doenças cardiovasculares e o acidente vascular cerebral (AVC) são as doenças que mais matam. Estima-se que, juntas, foram responsáveis por tirar a vida de 17,7 milhões de pessoas no mundo, representando 31% de todas as mortes.
Mas é importante ressaltar que todas as DCNT estão diretamente relacionadas à perda de qualidade de vida, além de trazer importante impacto econômico.
Como essas doenças ocorrem?
As DCNT são doenças multifatoriais, ou seja, determinadas por diversos fatores sociais e individuais: fatores genéticos, fisiológicos, ambientais e comportamentais. Desenvolvem-se no decorrer da vida e são crônicas, isso significa, de longa duração.
O que devo saber sobre os fatores de risco?
As DCNT se relacionam muito ao mau estilo de vida adotado, como o sedentarismo, má qualidade na alimentação, consumo de tabaco e consumo elevado de álcool.
Como esses comportamentos podem se manifestar?
Os efeitos desses tipos de comportamento podem se manifestar por meio de pressão arterial elevada, diabetes, hiperlipidemia, sobrepeso e obesidade. É importante ainda o tratamento medicamentoso no manejo da diabetes, hipertensão e hiperlipidemia para reduzir os riscos cardiovasculares e prevenir ataques cardíacos e AVC.
Entenda melhor as doenças crônicas
Obesidade
A obesidade é uma doença crônica degenerativa caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no tecido adiposo, considerada um estado inflamatório que pode desencadear e se associar a diversas doenças e sintomas:
– Metabólicas: Diabetes tipo 2, Gota, Síndrome metabólica;
– Ortopédicas: Osteoartrite;
– Câncer;
– Gastro-intestinais: reflexo gastroesofágico, esteatose hepática não alcoólica;
– Cardiovasculares: Deslipidemias, hipertensão (HA), infarto agudo do miocárdio, embolia pulmonar;
– Pulmonares: Apneia do sono, síndrome hipoventilatória;
– Reprodutiva: Ovário policístico, alterações menstruais, infertilidade;
– Psicológica: Depressão.
Diabetes Mellitus (DM)
O Diabetes Melitus tipo II, definido como graus variados de deficiência e resistência à insulina, possui grande associação com a obesidade (ciclo vicioso), compreende a 90% das DM, afeta tanto adultos quanto crianças com obesidade.
Sinais e sintomas:
-Aumento de volume urinário;
-Sede intensa;
-Fome excessiva;
– Cansaço fácil (fadiga);
-Visão turva;
Você sabia que a DM e a HA se relacionam à formação de placas de gorduras nos vasos sanguíneos (aterosclerose)?
– HA: LDL oxidado tende a se depositar em lugares onde há dano na parede do vaso, o aumento da pressão provoca danos na parede do vaso.
– DM: Maior concentração de glicose no sangue gera dano na parede do vaso, levando ao aumento de risco de ter lesão e consequente depósito de placa de ateroma.
Síndrome metabólica
A Síndrome Metabólica está relacionada a uma mortalidade geral duas vezes maior e mortalidade cardiovascular três vezes maior. Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia, a Síndrome Metabólica ocorre quando estão presentes três dos cinco critérios:
-Obesidade central – circunferência da cintura superior a 88 cm na mulher e 102 cm no homem
-Hipertensão Arterial (HA) – pressão arterial sistólica 130 e/ou pressão arterial diatólica 85 mmHg
-Glicemia alterada (acima de 110 mg/dl) ou diagnóstico de Diabetes (DM)
-Triglicerídeos maior que 150 mg/dl
-HDL colesterol menor que 40 mg/dl em homens e £50 mg/dl em mulheres
Como prevenir e tratar
Uma das formas mais simples e baratas de se prevenir e tratar essas doenças é a atividade física. Já está provado pelos cientistas que a prática regular de atividade física contribui para a prevenção e tratamento das DCNT, melhorando também a saúde mental e o bem-estar.
Em todo mundo, 23% dos adultos e 81% dos adolescentes não seguem as recomendações globais para a prática de atividade física definida pela OMS (Organização Mundial de Saúde), ou seja, não praticam o nível mínimo de atividade física recomendado. Sabe-se que a inatividade física é identificada como o 4º principal fator de risco para mortalidade global: Sedentários têm 20% mais risco de morte por DCNT.
Recomendações da OMS para prática de atividade física
- Adultos (18 – 64 anos): É recomendada a prática de 150 minutos semanais de atividade física de intensidade moderada (cerca de 20 minutos por dia) ou, pelo menos, 75 minutos de atividade física de intensidade vigorosa por semana (cerca de 10 minutos por dia).
- Adolescentes (11 – 17 anos): É recomendada a prática de 60 minutos de atividade física de intensidade moderada a vigorosa por dia.
Exemplos de ação do exercício físico em uma DCNT
– DM tipo II torna-se um tratamento não farmacológico
-Diminui a resistência à insulina
– Estimula a via dependente de insulina melhorando a sinalização
– Aumenta a velocidade de remoção da glicose no sangue
-Modula as proteínas inflamatórias
Lembre-se que a prevenção é a melhor forma de manter sua saúde e evitar todas as complicações e gastos envolvidos nas DCTN. É preconizado suporte e estratégia de equipe multiprofissional de saúde: Médicos, Nutricionistas, Psicólogos, Educadores Físicos e Fisioterapeutas, que visem a prevenção, tratamento, manutenção e controle de comorbidades das DCNT.
* Colaboração da fisioterapeuta doutora em Ciências da Saúde pela Unifesp, Dra. Renata Luri; e da fisioterapeuta pela Unifesp, Bruna Barreto