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Paola Machado

Dor no glúteo que irradia para o ciático: entenda a síndrome do piriforme

Paola Machado

24/04/2019 04h00

Crédito: iStock

A síndrome do músculo piriforme representa um subtipo de síndrome glútea profunda, que leva a uma neuropatia pela compressão do nervo ciático, devido a distúrbios relacionados ao músculo piriforme.

Representa cerca de 0,3% a 6,0% de todos os casos de dor ciática e lombar. É considerada uma causa não discogênica de ciatalgia, isso é, que não está relacionada ao deslocamento de discos vertebrais da coluna.

Sintomas da síndrome

Os sintomas são dor no glúteo, na lombar e irradiação para membro inferior (perna). Pode apresentar dor e/ou ou parestesias (sensação anormal e desagradável sobre a pele, que assume diversas formas (exemplo: queimação, dormência e coceira) na lombar, virilha, períneo, reto, quadril, parte posterior da coxa, panturrilha e pé. Os sintomas pioram na posição sentada em 97% dos casos e em movimentos que aumentam a tensão do músculo.

Entenda a anatomia

  • O músculo piriforme possui formato de uma pirâmide plana, originando-se na região do sacro da coluna vertebral e inserindo-se no fêmur, com a função de rotação externa e abdução da perna.
  • O nervo ciático origina-se nas vértebras lombares e sacrais e passa por baixo do ventre do piriforme. Porém, existem variações anatômicas entre as pessoas, em que o nervo ciático pode passar através do piriforme, sendo uma possível causa para a síndrome.

Outros fatores

  • Trauma prévio na região glútea com formação de hematoma e cicatrizes pós- traumáticas estão relacionadas com a síndrome –há estudos demonstrando pacientes com ciatalgia com histórico de quedas ou golpes diretos ao glúteo.
  • Aprisionamento do nervo ciático.
  • Síndrome miofascial do glúteo e piriforme.
  • Espasmo do piriforme subjacente à hipertrofia e ao uso excessivo — geralmente no caso dos atletas.
  • Encurtamento do músculo.
  • Diferença no comprimento de membros inferiores.

Diagnóstico

Quando feita a palpação do músculo, na região mais próxima da inserção no fêmur, há sensibilidade da região que pode levar à reprodução dos sintomas da síndrome.

Para o diagnóstico não há um exame padrão ouro mas existem testes que auxiliam no diagnóstico. Pode ser solicitada a radiografia da pelve e ressonância magnética da coluna lombar para se descartar patologias dessas regiões, podendo levar a um diagnóstico tardio por exclusão.

Tratamento

O tratamento se inicia de forma conservadora, pode haver prescrição de medicamentos como anti-inflamatórios não esteróides, relaxantes musculares e medicamentos para dor neuropática. A fisioterapia é prescrita de forma concomitante para controle da dor e para tratar a causa do problema. Estudos mostram que a fisioterapia é responsável por 51,2% do tratamento da síndrome.

Caso não haja melhora, o médico pode indicar outras estratégias e em alguns casos pode ser indicado cirurgia

*Colaboração da fisioterapeuta doutora em Ciências pela Unifesp Renata Luri e da fisioterapeuta especializada em afecções da coluna pela Santa Casa Thais Almeida

Referências:
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Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

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