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Paola Machado

Como saber quando sua dor de cabeça é uma cefaleia tensional ou enxaqueca?

Paola Machado

15/05/2019 04h00

Crédito: iStock

Segundo dados da World Health Organization (WHO), em algum momento da sua vida ocorrerá algum episódio de dor de cabeça. Cerca de 80% da população sofre esse problema, mas somente 10 a 20% das pessoas procuram por ajuda médica. Um número muito baixo se você levar em consideração que a dor de cabeça é considerada um distúrbio incapacitante que diminui muito a qualidade de vida.

A dor de cabeça é definida como cefaleia e acomete pessoas de todas as idades, etnias e níveis socioeconômicos.

Atualmente existem mais de 100 tipos de cefaleia, sendo divididas em 2 grandes grupos:

  • Primárias Origina-se no próprio segmento, não decorrendo de outras doenças, localizando-se geralmente no crânio e não na face. Exemplo: enxaqueca.
  • Secundárias Sintomas decorrentes de patologias estruturais. Exemplo: uma dor de cabeça após um trauma.

A literatura nos mostra que a maior parte das cefaleias vem acompanhadas de desordens musculoesqueléticas próximas as regiões de cabeça e pescoço, mais especificamente em coluna cervical, articulação temporomandibular (ATM), e musculatura que envolve essas estruturas. O tratamento inadequado e a continuidade de sintomas a longo prazo podem acarretar desordens em outras estruturas do corpo.

Como saber a diferença entre enxaqueca e cefaleia tensional?

A enxaqueca se manifesta com qualidade pulsátil, unilateral, com uma intensidade alta, associada a náuseas, vômitos e tonturas. Podem aumentar durante um esforço físico. A cefaleia tensional consiste em irradiações de alterações estruturais do crânio e coluna cervical.

Porém, muitas pessoas podem exibir um quadro de cefaléia mista: Cefaleia tensional associada à enxaqueca. Geralmente se inicia com a cefaleia tensional e depois para a enxaqueca.

O que desencadeia?

  • Mudanças na dieta e determinados alimentos.
  • Desidratação.
  • Tensão elevada na musculatura da cabeça, pescoço e ombros.
  • Posições e posturas inadequadas.
  • Ciclo menstrual.
  • Distúrbios do sono.
  • Bruxismo, atividade mastigatória.
  • Exposição à luz, odores fortes e sons.
  • Fatores emocionais como estresse, ansiedade e depressão.
  • Consumo de substâncias como cafeína, analgesicos, tabaco e álcool.

Como prevenir?

A prevenção consiste em atitudes que visam erradicar as possibilidades de desenvolvimento da doença, e o controle de fatores perpetuantes da dor, como por exemplo, controle de estresse, correção de condições inadequadas de alimentação, melhora de sono e das compensações posturais, além de tratamento de doenças dentárias e nos seios faciais.

A atividade física é uma forte aliada, pois ajuda a combater fatores desencadeantes.

Tratamento

Cuidado! A maioria das pessoas demora a procurar ajuda especializada e abusa de medicamentos sem prescrição médica como analgésicos, correndo o risco de ocasionar uma cefaleia rebote ou cefaleia por abuso de medicação.

É importante sempre procurar um profissional da saúde especializado para avaliação do caso, para compreender os fatores desencadeantes que variam de pessoa para pessoa e a partir disso elaborar um plano terapêutico adequado.

O tratamento pode ser farmacológico ou não. Os métodos não farmacológicos envolvem mudanças comportamentais como hábitos na alimentação, ingestão de água e redução no consumo de substâncias como cafeína e nicotina e melhora qualidade do sono.

Associado ao tratamento não farmacológico está o tratamento fisioterapêutico. A literatura nos mostra que técnicas utilizadas dentro da fisioterapia são eficazes e seguras no tratamento de cefaleias, como a terapia manual, liberação de pontos gatilhos miofasciais e cinesioterapia, para alívio da dor — frequência, intensidade e duração, retorno de funcionalidade e prevenção de novos episódios de dor.

Procure um profissional especializado para tratamento das suas dores de cabeça e evite se automedicar.

*Colaboração da fisioterapeuta Doutora em Ciências da Saúde pela UNIFESP, Dra. Renata Luri e da fisioterapeuta Especializada em Ortopedia e Traumatologia pelo HC FMUSP – IOT, Dra. Amanda Ayumi Chimura

Referências:
– BLANPIED, Peter R. et al. Neck pain: revision 2017: clinical practice guidelines linked to the international classification of functioning, disability and health from the orthopaedic section of the American Physical Therapy Association. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, v. 47, n. 7, p. A1-A83, 2017.
– MALO-URRIÉS, Miguel et al. Immediate Effects of Upper Cervical Translatoric Mobilization on Cervical Mobility and Pressure Pain Threshold in Patients With Cervicogenic Headache: A Randomized Controlled Trial. Journal of manipulative and physiological therapeutics, v. 40, n. 9, p. 649-658, 2017.
– FALSIROLI MAISTRELLO, Luca et al. Effectiveness of trigger point manual treatment on the frequency, intensity and duration of attacks in primary headaches: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Frontiers in neurology, v. 9, p. 254, 2018.
– DA CRUZ, Marina Coimbra et al. Cefaleia do tipo tensional: revisão de literatura. ARCHIVES OF HEALTH INVESTIGATION, v. 6, n. 2, 2017.
– DE CAMPOS, Tarcisio F. et al. Exercise programs may be effective in preventing a new episode of neck pain: a systematic review and meta-analysis. Journal of physiotherapy, v. 64, n. 3, p. 159-165, 2018.

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.