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Paola Machado

Escoliose idiopática: entenda o que é e como tratar

Paola Machado

07/06/2019 04h00

Crédito: iStock

A escoliose idiopática é uma alteração na coluna vertebral, caracterizada por uma curvatura tridimensional, é quatro vezes mais propensa a afetar as meninas do que os meninos, porém ainda não se sabe as causas do seu aparecimento. Pode estar associada a fatores hormonais e/ou genéticos, entre outros que são investigados. Os exames clínicos e a radiografia podem estabelecer a existência e a extensão da escoliose. A curvatura pode variar de extremamente leve a grave, e pode ser em forma de "S" ou na forma de um "C".

Ângulo de Cobb

Uma curvatura de até 10° deve ser observada, curvas até 25° são tratadas com exercícios específicos diariamente, à partir de 25° até 50° é necessário associar ao uso do colete ortopédico tridimensional e curvas acima de 50° possuem indicação cirúrgica. A fase de crescimento ósseo é o momento em que se deve manter o tratamento e também é a fase que a curva pode evoluir. Curvas acima de 50° no ângulo de Cobb podem continuar progredindo com o passar dos anos, trazendo complicações secundárias.

O tratamento precoce com exercícios e órteses tridimensionais pode impedir a progressão da escoliose, reduzir a curvatura e também irá melhorar a simetria corporal do paciente.

Como identificar a escoliose?

Os pais, que observam regularmente a postura e as costas da criança, logo notarão qualquer alteração na coluna vertebral. A deformidade escoliótica, geralmente afeta toda a coluna vertebral, embora em alguns casos apenas haja curvatura de uma região específica, como a região inferior das costas (coluna lombar) ou a parte superior das costas (coluna torácica).

O teste Adams (flexão da coluna ou curvar a coluna para frente) é uma maneira extremamente eficaz para os pais descobrirem se seus filhos estão desenvolvendo escoliose, pois irão observar um lado mais alto que o outro (devido a rotação vertebral e das costelas). A assimetria pode ser observada também na altura dos ombros e quadril, nas escápulas, distância entre a cintura e o braço, inclinação do corpo e do eixo da cabeça.

O que os estudos já comprovaram?

Em um estudo transversal de rastreamento escolar do nosso grupo, no estado de São Paulo, foram avaliados 2562 adolescentes entre 10 e 14 anos de idade. Entre os adolescentes do sexo feminino, a escoliose ocorreu após os 11 anos de idade e sua prevalência foi maior aos 14 anos de idade. Entre os homens, ocorreu após os 12 anos de idade e sua prevalência também aumentou a partir de então. As curvas encontradas apresentaram em média 20° no ângulo de Cobb.

Em outro estudo de rastreamento escolar do nosso grupo, foram avaliados 37 adolescentes diagnosticados com escoliose, ângulo de Cobb ≥ 10° por meio da radiografia, e 76 adolescentes com diagnóstico falso positivo, que apresentaram rotação de tronco ≥7° por meio do escoliômetro e ângulo de Cobb <10°. Foi realizada avaliação da postura corporal utilizando a fotogrametria bidimensional, os resultados apresentaram que o grupo com escoliose confirmada tinha maior desvio dos ombros que foi associado a escoliose.

Segundo um artigo divulgado pelo National Center for Biotechnology Information, feito pelo BioMed Central, exercícios específicos podem reduzir a progressão da curvatura em casos de adultos com escoliose idiopática.

A pesquisa foi feita com 34 pacientes do próprio BioMed Central. Todos eles praticantes desses exercícios, conhecidos como SEAS — Scientific Exercises Approach to Scoliosis. A modalidade consiste em adaptar os exercícios de maneira individual para adaptação às mais variadas situações do dia a dia do paciente.

A eficácia do tratamento foi comprovada como uma das maneiras naturais (sem cirurgia) mais eficazes de amenizar o quadro de escoliose dos pacientes adultos. Pelo menos 68% dos pacientes perceberam melhorias na escoliose, após um período de, aproximadamente, dois anos sob o tratamento. Além disso, a curvatura de todos eles apresentou uma diminuição considerável.

Lembrando que o tratamento precoce e específico pode evitar a progressão da curva e, como consequência, a cirurgia e incapacidade física e problemas futuros com fatores sociais e psicológicos.

*Colaboração do fisioterapeuta mestre e pesquisador da USP e docente do curso de fisioterapia da PUC-SP Dr. Rodrigo Andrade, Escoliose Brasil (Crefito 3: 112922-F).

Referências:
– PENHA, P.J.; RAMOS, N.L.J.P.; CARVALHO, B.K.G.; ANDRADE, R.M.; SCHMITT, A.C.B.; JOÃO, S.M.A. Prevalence of Adolescent Idiopathic Scoliosis in the State of São Paulo, Brazil. Spine. 2018.
– PENHA, P. J., PENHA, N. L. J., DE CARVALHO, B. K. G., ANDRADE, R. M., SCHMITT, A. C. B., JOÃO, S. M. A. Posture Alignment of Adolescent Idiopathic Scoliosis: Photogrammetry in Scoliosis School Screening. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. 2017.

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

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