Auriculoterapia: saiba os benefícios do tratamento com pontos na orelha
Cresce no mundo o número de pessoas que apresentam dores crônicas e recorrem aos medicamentos sem orientação específica. O pior de tudo é que, muitas vezes, essas pessoas estão alheias aos seus efeitos colaterais não somente em curto mas também em longo prazo.
A dor é o sintoma que mais limita e impacta a rotina das pessoas. Todos já passamos por essa experiência ao menos uma vez e sabemos que, quando estamos com alguma dor, nosso humor muda, o psicológico muda e a vida muda… Para pior.
Na contramão, observamos uma tendência mundial de aproximação de cuidado com a saúde por meio da adoção de um estilo de vida com foco cada vez maior em qualidade. Um movimento similar pode ser observado na área de saúde. Hospitais e profissionais estão se abrindo para oferecer um olhar mais global e integrativo, com alternativas complementares em tratamentos alopáticos e convencionais.
E é nesse contexto que a terapia auricular ou auriculoterapia surge como uma alternativa. A técnica tem sua origem na Medicina Tradicional Chinesa e se expandiu com algumas linhas mais modernas. No geral, pode ser realizada com agulhas, sementes ou ímãs. Estes materiais são aplicados em pontos específicos da orelha e levam aos benefícios terapêuticos e analgésico.
O que a ciência comprova?
Além da explicação dos seus benefícios baseada na visão da Medicina Tradicional Chinesa sobre fluxo e equilíbrio energético "yin/yang", há alguns pesquisadores que fundamentam sua ação na aceleração de reflexos que impactam no Sistema Nervoso Central, estimulando funções do organismo.
Para se ter ideia do peso da auriculoterapia, nos Estados Unidos introduziram a técnica no campo de batalha para tratar soldados feridos. Quando houve o ataque de 11 de setembro, um médico militar criou um protocolo de cinco pontos usando agulhas, e esse protocolo tem sido ensinado aos militares desde então.
Ao redor do mundo, pesquisas vêm sendo feitas em ambiente hospitalar, situações emergenciais ou durante operações médicas. Tem se investigado os efeitos da técnica para complementar o uso de analgésicos e até morfina. E como resultado tem se observado uma menor necessidade de uso de medicação para controlar quadros de dor.
A ciência aponta que a técnica pode ajudar no alívio imediato de dor, e por até 24 horas após sua aplicação. Um estudo recente de neuroimagem sobre analgesia revelou que os efeitos e expectativas de um tratamento (até o placebo) poderiam estimular regiões do cérebro que controlam a dor e o humor, o que poderia também influenciar os resultados positivos do uso da auriculoterapia.
Em quais casos de dor?
- Estiramento ou contusão Em pessoas com lesões mais agudas (recentes), o tratamento pode gerar o alívio necessário para auxiliar na fase de recuperação do corpo e recuperação da lesão.
- Dores musculares ou articulares crônicas Em pessoas que apresentam uma dor ou várias dores diferentes, há muitos anos ou de forma recorrente, a técnica poderia além de auxiliar no controle da dor, diminuir o uso excessivo de medicação e melhorar a qualidade de vida.
- Situações emergenciais Em pessoas que apresentam alguma dor aguda e estão aguardando atendimento e tratamento convencional, é muito importante a condução da auriculoterapia e o respaldo da medicina ou tratamento convencional.
Além desse enfoque em controle de dor, há uma infinidade de indicações para a auriculoterapia. Estudos apontam seus benefícios em casos que vão de depressão e insônia até ao controle de doenças crônicas como a obesidade. Mas, apesar de ser uma técnica milenar, ainda não há um consenso sobre todos os seus efeitos. O fato é que há potencial em seu uso e os benefícios são diversos, considerando-se que é uma técnica rápida e barata, sem efeitos colaterais significativos.
*Colaboração da Dra. Renata Luri, Fisioterapeuta e Doutora pela Unifesp, e da Dra. Juliana Satake, Fisioterapeuta pela Unifesp