Você já "perdeu" xixi durante a corrida ou caminhada?
Apesar de estar altamente relacionada ao envelhecimento, gravidez e multiparidade, a incontinência urinária é cada vez mais comum entre as mulheres mais jovens e ativas.
A International Continence Society (ICS) define a incontinência urinária como qualquer perda involuntária de urina. A incontinência por esforço é o tipo mais comum e ocorre ao carregar peso e atividades de alto impacto, ou até mesmo ao rir ou tossir.
Existem várias teorias que tentam explicar o motivo dessas perdas, mas a origem se deve a um aumento da pressão intra-abdominal sobre os músculos do assoalho pélvico (MAP) e o enfraquecimento deles. Estes músculos em torno da bexiga e da uretra são responsáveis por conter a urina armazenada na bexiga. O esfíncter atua como uma "torneirinha", quando há uma sobrecarga intra-abdominal, essa torneira tem a função de se manter fechada durante o esforço. Porém, quando há um enfraquecimento/falha desse mecanismo, o aumento da pressão intra-abdominal leva à perda de urina. Essa perda pode ser em gotas ou até mesmo maiores, que prejudicam e muito a qualidade de vida da mulher.
O que a corrida tem a ver com o escape de xixi?
Embora a corrida traga muitos benefícios para a qualidade de vida das mulheres, é considerada uma forma de exercício de alto impacto e pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de incontinência urinária em mulheres com predisposição ou fraqueza da musculatura de assoalho pélvico.
Estudos recentes mostram que aproximadamente 62% das mulheres corredoras já tiveram ao menos um episódio de escape durante a atividade. A prevalência não se deve somente a atividades de alto impacto, mas também ao alto volume de treinamento e fadiga muscular da musculatura abdominal e pélvica. Outras atividades também podem ser citadas: musculação, atletismo e saltos.
O que ocorre no corpo?
Os músculos da bexiga sofrem uma sobrecarga devido ao impacto na região. Para se ter uma ideia, a sobrecarga aumenta de 3 a 4 vezes durante essas atividades.
Vergonha do assunto…
Apesar de ser frequente, muitas mulheres acabam não procurando por ajuda. Seja pela vergonha, seja por acreditar "ser normal" perder urina durante o exercício.
Porém, o ideal é que o tratamento comece em estágios mais leves e iniciais, para prevenir problemas futuros e melhorar a qualidade de vida.
A incontinência urinária está associada à piora da autoestima e queda da performance. E muitas mulheres interrompem as atividades físicas quando ocorrem os primeiros episódios.
Como prevenir?
Tanto a prevenção quanto o tratamento devem ser realizados sempre com orientação de um médico ginecologista ou urologista, e de um fisioterapeuta especializado e capacitado na área de uroginecologia.
Os exercícios são realizados por meio do fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico e fortalecimento dos músculos intra-abdominais, estes serão o suporte necessário para evitar a sobrecarga do assoalho pélvico e melhorar o equilíbrio entre as forças superiores e inferiores ao quadril.
Os exercícios específicos do assoalho pélvico para incontinência urinária em estágios iniciais são simples e devem ser realizados diariamente por meio de contrações sustentadas da musculatura. Além desses exercícios, estudos recentes apontam que o método pilates pode auxiliar no tratamento, por fortaler os músculos do core e restabelecer o equilíbrio do corpo.
Mas atenção: todo e qualquer exercício realizado de forma incorreta pode predispor a problemas. No caso dos exercícios específicos do assoalho pélvico pode levar a infecções urinárias ou até hipertrofia da musculatura. Por isso, sempre procure por profissionais da saúde. O acompanhamento de um fisioterapeuta especialista em saúde da mulher é essencial para que a paciente recupere o controle de seu corpo e melhore a performance durante a atividade física.
*Colaboração da fisioterapeuta Dra. Renata Luri , Doutora pela UNIFESP e da fisioterapeuta Dra. Juliana Satake, Especializada em Saúde da Mulher UNICAMP