Refluxo gastroesofágico: o que mudar na alimentação para evitar o problema

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A doença do refluxo gastresofágico é uma afecção crônica decorrente do fluxo de parte do conteúdo ácido do estômago para o esôfago, o que gera uma variedade de sintomas. Os desconfortos clássicos são pirose (queimação) e a regurgitação.
A pirose é a sensação de queimação que se irradia do osso esterno à base do pescoço. Já a regurgitação refere-se ao retorno do conteúdo ácido ou de alimentos para a cavidade oral.
A doença pode ser classificada em erosiva, quando ocorre erosões ou lesões na mucosa esofagiana, e não erosiva, quando existem os mesmos sintomas, porém sem as lesões.
Fisiologicamente, o esfíncter esofagiano inferior (EEI) é um músculo mantido em estado de contração constante, o que evita essa translocação do conteúdo gástrico para o esôfago. Mas o tônus desse músculo pode ser diretamente influenciado por vários fatores, como hormonais, anatômicos e dietéticos.
Excesso de peso
O excesso de peso se relaciona ao refluxo gastroesofágico. Indivíduos com obesidade apresentam de 1,2 a 3 vezes mais chances de desenvolver a doença do refluxo gastresofágico, além de ter maior chance de complicações e maior gravidade da doença.
O excesso de gordura corporal na região abdominal aumenta a pressão intra-abdominal, o que, por sua vez, aumenta a pressão gastroesofágica e a pressão intragástrica, favorecendo o refluxo.
A alimentação pode levar ao refluxo gastroesofágico?
Sim, a quantidade excessiva de alimentos ingeridos e o consumo de maiores quantidades de gorduras na alimentação são os principais determinantes do refluxo gastroesofágico. A refeição volumosa ou feita de forma muito rápida pode acarretar em distensão do fundo gástrico, aumentando o refluxo após as refeições.
Recomendações alimentares para refluxo gastro-esofágico
O principal objetivo do tratamento clínico é promover alívio dos sintomas, cicatrização das lesões e prevenção de recidivas. Neste sentido, a alimentação requer alguns cuidados e pontos de atenção para minimizar o quadro:
- Moderar a ingestão de alimentos gordurosos: evitar aqueles alimentos que contenham gordura, como manteiga, margarina e frituras. O consumo destes alimentos se relaciona à piora dos sintomas. Refeições ricas em gorduras podem levar à diminuição da pressão do esfíncter esofagiano inferior, aumento na frequência do relaxamento transitório e retardo do esvaziamento do estômago.
- Priorizar a ingestão de carnes magras e evitar as carnes mais gordas e com gordura aparente, cupim, picanha, salsinha, linguiça, bacon e toucinho.
- Evitar o consumo de cítricos em situações de lesões na mucosa do esôfago: laranja, limão, abacaxi e acerola.
- Evitar o consumo de café, chás (preto, mate) e chocolates: alguns compostos presentes nestes alimentos/bebidas estimulam a produção de suco gástrico, podendo intensificar o refluxo.
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas: o álcool é uma substância irritante para a mucosa gástrica, o que potencializa o refluxo. Estudo de metanálise relatou correlação positiva entre uso de álcool e sintomas de refluxo gastroesofágico.
- Não consumir líquidos nas refeições principais: o consumo de bebidas junto às refeições provoca expansão gástrica, o que pode estar envolvido na maior chance de refluxo gastroesofágico. As bebidas gaseificadas, como os refrigerantes e água com gás, podem alterar a pressão intra-abdominal e promover o relaxamento do esfíncter esofágico inferior.
- Evitar carboidratos refinados, como açúcar, glicose, produtos e preparações que os contenham em sua composição. Os carboidratos refinados são apenas parcialmente absorvidos no intestino, e posteriormente, fermentados no cólon por bactérias intestinais. Este processo de fermentação pode induzir liberação neuro-hormonal e promover relaxamento do esfíncter esofágico inferior.
Orientações gerais sobre alimentação
- Em situações de excesso de peso, planejar perda de peso.
- Evitar deitar-se nas duas horas após as refeições, a fim de garantir a digestão completo do alimentos e esvaziamento gástrico.
- Manter uma alimentação equilibrada e variada, com alimentos mais naturais e reduzida quantidade de industrializados, açúcar e gordura.
- Reduza a quantidade de líquidos ingeridos junto as refeições. Priorize a ingestão entre as refeições.