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Paola Machado

Conheça a função de algumas vitaminas essenciais para nosso organismo

Paola Machado

24/01/2020 04h00

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O nosso corpo é uma máquina muito eficiente e desempenha suas funções com enorme precisão, porém, para que isto aconteça, ele precisa receber elementos essenciais, que são fornecidos pelos alimentos e desta forma manter-se saudável. Este é um dos motivos pelos quais a alimentação é tão importante, já que é a responsável pelo fornecimento da matéria prima elementar para que tudo funcione de forma tão orquestrada.

No texto de hoje pretendemos mostrar alguns dos nutrientes que não podem faltar em nosso corpo pelas múltiplas e importantes funções que exercem.

Vitamina B12: conhecida também como cianocobalamina, esta vitamina pode ser obtida por alimentos (predominantemente alimentos proteicos de origem animal) e pelas bactérias de nosso intestino, daí a importância de mantermos a microbiota intestinal em dia, cultivada pelo consumo frequente de frutas, verduras, legumes, alimentos integrais, evitando químicos, aditivos orgânicos e ultraprocessados.

Normalmente mantemos bons estoques corporais deste nutriente, pois seus alimentos fonte são consumidos de forma frequente (peixes, mariscos, carnes, gema de ovo, leite e derivados pela maior parte dos indivíduos), porém alguns grupos de risco para desenvolver a sua deficiência são: idosos, pessoas que passaram por cirurgia bariátrica e vegetarianos, principalmente pela alteração na metabolização ou baixa ingestão alimentar.

Sabe por que esta vitamina é tão importante? Quando em níveis reduzidos, aumenta-se o risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares pela elevação de um aminoácido chamado de homocisteína e que depende da vitamina B12, entre outros, para ser ativada e aproveitada pelo corpo humano; podemos também nos deparar com um quadro de anemia e mais recentemente depressão. Alguns estudos demonstram a presença de depressão associada a demência e declínio da função cognitiva quando em carência de vitamina B12, uma vez que esta contribui com a formação de serotonina e dopamina, elementos que quando reduzidos podem ser uma das causas dos transtornos de humor. Vários estudos sugerem que a deficiência de vitamina B12 (cobalamina), muito frequente em idosos longevos, está relacionada a quadros depressivos. Nestes quadros, a vitamina B12 atua conjuntamente ao ácido fólico, um segundo nutriente de grande importância e que também se associa a processos anêmicos.

Vitamina hidrossolúvel do complexo B, também está diretamente associada ao metabolismo da homocisteína, por isso em condições de deficiência pode aumentar o risco cardiovascular, situação já descrita em numerosos papers de natureza científica. Outras funções que dependem deste nutriente são: divisão e integridade celular, principalmente das células vermelhas (hemácias); durante a gestação tem especial importância na formação do tubo neural ou sistema nervoso da criança, condição está descrita em vários relatos científicos demonstrando que em caso de ausência de suplementação durante a fase gestacional, aumenta diretamente o nascimento de crianças com espinha bífida e malformação neural.

Segundo o CDC (Centro de Controle de Doenças), dos EUA, a suplementação de ácido fólico é recomendada durante o período periconcepcional (correspondente a 28 dias antes da concepção até o segundo período de falha menstrual), para prevenção adequada da recorrência desta malformação, segundo recomendações também da Academia Americana de Pediatria. Os alimentos com maior teor de folato são as leveduras, vegetais folhosos verde-escuros frescos, fígado e outras vísceras, amendoim, ovo, cereais enriquecidos e grãos integrais.

Não podemos nos esquecer da vitamina D, que inicialmente foi identificada como uma substância essencial que o nosso organismo não poderia produzir, devendo ser obtida somente a partir dos alimentos. Mas, ao contrário de outras vitaminas essenciais e que os seres humanos necessitam obter diretamente dos alimentos, a vitamina D ativa pode ser produzida pelo organismo por meio de uma reação fotossintética desencadeada pela exposição à luz solar.

A sua função com relação a formação e manutenção óssea já é bem conhecida, porém outros importantes papéis podem ser atribuídos a este nutriente: integridade celular, modulação da imunidade, já que compõe muitas células de nosso sistema imunológico, algumas pesquisas associam a vitamina D na prevenção e tratamento de doenças autoimunes. Estudos epidemiológicos mostram associação entre baixos níveis desta vitamina e risco aumentado para o desenvolvimento de alguns tipos de cânceres, sendo os mais estudados os de mama, colorretal e de próstata. Outras importantes funções atribuídas são: a regulação da secreção de insulina e a regulação da pressão arterial.

Podemos encontrar a vitamina D no óleo de fígado de peixe, alguns tipos de peixe como sardinha, salmão, arenque e atum, e gema de ovo, além de alimentos fortificados, porém a melhor forma está no aquecimento da pele, obtido a partir da exposição à luz solar.

Outros importantes nutrientes são as Vitaminas B1 (tiamina) e a B2 (riboflavina): a primeira associa-se regulação do sistema nervoso e cardíaco e ao metabolismo de carboidratos. O nosso corpo é tão inteligente que em casos de deficiência ou consumo insuficiente a eficiência com que absorvemos e aproveitamos este nutriente aumenta para compensar esta carência; o mesmo acontece com a riboflavina e os demais nutrientes.

A vitamina B2 está claramente associada a produção de energia corporal e manutenção de estoques de ferro corporal, além de outras funções que ainda estão sendo estudadas para maior compreensão envolvendo crescimento fetal, regulação do campo visual e integridade de nossos glóbulos vermelhos. As duas vitaminas são amplamente encontradas nos alimentos portanto, tendo uma alimentação variada e boa condição de assimilação e absorção (trato digestivo), certamente a deficiência será difícil de se instalar.

Pois bem, estes são alguns dos nutrientes extremamente importantes para o bom funcionamento de nosso organismo, porém, não temos a pretensão de esgotar o assunto com esta matéria, mas sim trazer para a discussão sobre o quão relevante é mantermos uma alimentação diversificada, sem medidas drásticas, restritivas ou terroristas, para termos saúde não somente física como também mental.

*Colaboração da nutricionista comportamental e clínica na clínica 12 semanas Dra. Samantha Rhein (Unifesp)

Referências:
– ALMADA, L.F., BORGES, M.F., MACHADO, S.E.C. Considerações neurobiológicas sobre a depressão maior – um histórico neurocientífico. Encontro: Revista de Psicologia,v. 17, n.26, 2014
– BAHLS, S. Depressão: uma breve revisão dos fundamentos biológicos e cognitivos. Interação em Psicologia v. 3, n. 1, 1999.
– https://ilsi.org/
– https://www.cdc.gov/

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.