Sabe o que é joelho valgo e varo? Entenda cada fase do crescimento
O joelho é uma articulação de mobilidade e estabilidade, que atua em diversas funções do dia a dia, tais como: levantar, abaixar, suportar a posição em pé, andar, subir ou descer escadas.
Qualquer desalinhamento nessa articulação pode levar a lesões com o passar do tempo. No caso do joelho, o nome valgo ou varo é utilizado para designar o mau alinhamento de uma articulação. A angulação do alinhamento do joelho é medida pelo posicionamento entre o fêmur (osso da coxa) em relação à tíbia (osso da perna).
Entenda o valgo x varo
Joelho valgo
- A articulação desvia para dentro – aproximando um joelho ao outro – sendo conhecida popularmente como joelho em X.
- Problemas: Quando essa alteração é acentuada, há um aumento na descarga de peso na região lateral do joelho, o que pode alterar o funcionamento ideal da articulação.
- Lesões: Essa sobrecarga predispõe o risco de lesões, como a síndrome da dor femoropatelar, artrose, tendinite, lesões ligamentares e luxação patelar.
Joelho varo
- A articulação está desviada para fora – aumentando o espaço entre um joelho e o outro. Ocorre com menor frequência e é conhecido popularmente como perna de "cowboy" pois parece que a pessoa está sempre montada em um cavalo.
- Problemas: Nesse tipo de alteração, ocorre um aumento de forças compressivas no compartimento medial (parte de dentro) do joelho.
- Lesões: O varo de joelho pode aumentar o risco de lesões crônicas do menisco medial e osteoartrose.
Causas e fatores que predispõem o mau alinhamento do joelho
- Genética: Síndromes genéticas e displasias ósseas.
- Doenças: Doenças osteometabólicas, como o raquitismo e doenças reumáticas, como a artrite inflamatória.
- Fatores mecânicos: Fraqueza ou desequilíbrio muscular, posicionamento dos pés, alteração no posicionamento do quadril e frouxidão ligamentar.
- Traumas: Fraturas e lesões ligamentares.
Você sabia?
Em cada etapa do crescimento, os joelhos têm tendência a uma determinada angulação. Essas mudanças acontecem de forma natural e cada bebê e criança se desenvolve em processos individuais.
- Bebês: Devido ao processo de formação dos ossos, geralmente apresentam o joelho varo até aproximadamente os dois anos de idade.
- Dos 2 aos 4 anos: A tendência é desviar o joelho em valgo – que atinge ao máximo quando estão próximas aos 4 anos.
- Dos 5 aos 8 anos: A tendência é que a angulação volte ao neutro progressivamente até aproximadamente os 8 anos.
- Após os 8 anos: A tendência é que meninos apresentem as pernas neutras com um ligeiro varo e as meninas, os joelhos em leve valgo.
Nas crianças, quando é necessário avaliar essas alterações?
Em caso de joelho varo persistente após os 2 anos de idade, é indicado procurar o ortopedista, pois uma deformidade evoluída pode trazer repercussões importantes na idade adulta.
Em caso de joelho valgo, é indicado procurar o especialista quando há a presença de:
- Deformidades múltiplas associadas ao esqueleto — ossos.
- Deformidade progressiva a partir dos 4 anos.
- Joelho valgo grave — quando há uma distância maior que 9 cm entre os tornozelos.
- Presença de dores em joelhos.
- Crianças entre os 6 e 8 anos com joelho valgo sem resolução espontânea.
- Assimetria de membros — diferença no comprimento de membros.
Diagnóstico
Para diagnóstico correto é necessário a anamnese, isto é, a coleta de dados sobre a história do quadro e histórico familiar; o exame físico e exame laboratorial para diagnóstico diferencial, prognóstico e escolha de tratamento mais adequado.
No exame físico são consideradas medidas como o ângulo Q e a distância intermaleolar — o ângulo Q consiste no ângulo formado entre uma linha projetada e traçada entre o meio do osso da perna (tuberosidade anterior da tíbia) e o centro da patela, e outra linha traçada entre a região anterior do osso do quadril (na espinha ilíaca ântero-superior) até o centro da patela e a distância intermaleolar consiste na distância entre os maléolos (ossos dos tornozelos)
No exame de imagem, a radiografia é o exame mais comum, porém podem ser solicitados ressonância magnética ou tomografia.
Tratamento
O tratamento adequado é escolhido de acordo com a gravidade e/ou evolução clínica. Temos o tratamento conservador, que é composto por fisioterapia, órteses e acompanhamento nutricional (em alguns casos) e o tratamento cirúrgico, que pode ser indicado em casos de falha no tratamento conservador ou quadros de difícil evolução que geram alterações na marcha, dores, mau alinhamento patelar e instabilidade ligamentar importante.
*Colaboração da Dra. Renata Luri Fisioterapeuta pela Unifesp e da Dra. Ana Clara Desiderio Fisioterapeuta pela Unifal