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Paola Machado

Torci meu tornozelo e agora sinto-o falseando, o que fazer?

Paola Machado

13/05/2020 04h00

iStock

A entorse é um movimento que causa um alongamento excessivo, estirando ou rompendo ligamentos de uma articulação. Geralmente envolve a lesão dos ligamentos laterais (do lado de fora do tornozelo). Algumas dúvidas podem surgir na cabeça de quem acaba sempre virando o pé ao caminhar, negligenciando o quadro por acreditar ser normal. Iremos tirar 4 dúvidas comuns da entorse de tornozelo:

Somente atletas sofrem entorse de tornozelo?

Não, a entorse é uma lesão muito comum entre a população em geral. Pode acontecer ao pisar num buraco ou ao caminhar em falso em um terreno irregular. Em atletas, pode acontecer ao pisar no pé ou durante a própria corrida. Muitas vezes, durante o esporte no momento da torção, o corpo pode estar aquecido e mascarar a dor, e fazer com que a pessoa siga com o movimento, o que pode agravar ainda mais o quadro. Os sintomas clínicos para a entorse envolvem a dor, o inchaço, o hematoma no local, decorrente do vazamento interno do sangue (equimose) e a dificuldade para caminhar e fazer movimentos laterais com o pé.

Um terço desses casos de entorse ainda evoluem para problemas mais graves e crônicos. Uma das mais temidas consequências é a lesão osteocondral (defeitos na cartilagem de uma articulação e no osso), que pode ocorrer em 50 a 90% dos casos de pessoas com instabilidade no tornozelo, isto é, pessoas que sofrem de entorses de forma recorrente.

Torço sempre e não preciso tratar porque já me acostumei

Ao torcer o tornozelo, a maioria das pessoas acaba não procurando por tratamento adequado. O grande problema é que uma entorse de tornozelo não tratada pode levar à instabilidade crônica do tornozelo e a entorses recorrentes.

Para se ter ideia, aproximadamente 15 a 20% das entorses de tornozelo podem evoluir com algum tipo de complicação, dentre elas a instabilidade ligamentar crônica.

Ao sofrer a lesão ligamentar, as atividades físicas devem ser suspensas e é preciso evitar apoiar o pé no chão. Nesse período, aplique gelo na região e se lembre de proteger o tornozelo em toalha e manter o pé elevado.

O tratamento conservador (sem cirurgia) é indicado na grande maioria dos casos. O tratamento adequado se dá através da fisioterapia, tendo como objetivo a redução da dor e inchaço. Um curto período de imobilização, inferior a 10 dias, para a redução da dor e inchaço na fase aguda pode se fazer necessário.

Tenho uma sensação de falseio e pisada insegura

A fisioterapia tem um papel importante na reabilitação para a redução da dor e inchaço. Mas ela é até mais importante na fase de preparo e retorno às atividades e, principalmente, para a prevenção da reincidência da lesões, restabelecendo o ganho da amplitude de movimento, força e coordenação motora, propriocepção (nosso mecanismo natural de proteção contra entorse) e na melhora da função. Consulte um fisioterapeuta para maiores orientações de seu caso.

Pisando firme após o entorse!

Para proteção do local, você pode usar uma tornozeleira ou enfaixamento quando voltar à prática de esportes. No entanto, isso não substitui o papel essencial do fortalecimento e do preparo muscular! Lembre-se que o mais importante a ser feito é um trabalho adequado para proteger a articulação.

Dica: Se você já sofreu entorse no tornozelo ou isso se tornou frequente, procure um serviço especializado para iniciar um programa de exercício que restabeleça a função normal do seu tornozelo. Foque em prevenir novas entorses ou complicações que podem ocorrer ao longo do tempo.

*Colaboração Renata Luri, fisioterapeuta doutorada pela UNIFESP e Juliana Satake, fisioterapeuta pela UNIFESP 

Referências:
– Acesso em março de 2020: https://www.into.saude.gov.br/lista-dicas-dos-especialistas/193-pe/293-torcao-de-tornozelo
– Acesso em março de 2020: https://sbot.org.br/entorse-de-tornozelo/
– Janice K.; Reiman, Michael P.; Sylvain, Jonathan. The efficacy of manual joint mobilisation/manipulation in treatment of lateral ankle sprains: a systematic review. Br J Sports Med, v. 48, n. 5, p. 365-370, 2014.
– Kerkhoffs, Gino M. Et Al. Diagnosis, treatment and prevention of ankle sprains: an evidence-based clinical guideline. Br J Sports Med, v. 46, n. 12, p. 854-860, 2012.
– Loudon, Vuurberg, Gwendolyn Et Al. Diagnosis, treatment and prevention of ankle sprains: update of an evidence-based clinical guideline. Br J Sports Med, v. 52, n. 15, p. 956-956, 2018.

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.