Qual a função da tireoide e como seus hormônios agem no corpo?
Paola Machado
13/09/2018 04h00
Crédito: iStock
A tireoide (ou tiroide) desempenha papel fundamental no nosso organismo. O órgão tem duas estruturas que se encontram no pescoço: uma delas é uma cartilagem, que faz parte da caixa da voz e que explica a origem do nome da tireoide –do grego, "similar a um escudo".
Já a outra estrutura é a mais famosa, a glândula tireoide, que se localiza na região anterior do pescoço, um pouco abaixo da caixa da voz e tem a função de regular todo o metabolismo do nosso corpo.
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A glândula tireoide tem um formato de borboleta e está fixada logo à frente da traqueia, o tubo por onde o ar vai do nariz aos pulmões. Ela é ricamente suprida por vasos sanguíneos e localizada muito próxima a várias outras estruturas importantes do pescoço, como a artéria carótida (que leva sangue do coração à cabeça), a veia jugular (que traz de volta o sangue da cabeça para o coração) e os nervos responsáveis pela voz. Também está junto às paratireoides, pequenas glândulas que regulam a quantidade de cálcio no sangue, elemento fundamental para várias funções, como o batimento do coração e a contração dos músculos.
A função da glândula tireoide é produzir os hormônios tireoidianos, que atuam em cada célula do nosso organismo, controlando a dinâmica da atividade dessas células e, em última análise, regulando o metabolismo do corpo.
Ela é a grande gestora da sua atividade diária, atuando no processo de gasto calórico, produção energética, retenção de líquido, estímulo de apetite, ganho de peso, qualidade de sono, concentração, libido, fluxo menstrual entre outras tantas variáveis que participam diretamente da nossa qualidade de vida.
Os hormônios tireoideanos
A atividade tireoidiana é regulada por um hormônio hipofisário, o "hormônio estimulador da tireoide" ou TSH. Essa substância é produzida na hipófise e tem sua síntese controlada por outro hormônio, o TRH. A produção tem regulação por feedback negativo dada pela presença de T3 e T4 circulantes.
A tireoide secreta, principalmente, dois hormônios relacionados ao iodo, a tetraiodotironina (T4) e a triiodotironina (T3), que é a forma ativa do hormônio tireóideo.
Quando há uma secreção anormal de T4, ocorre uma aceleração metabólica basal em até quatro vezes. Uma pessoa com atividade alta da tireoide pode perder peso rapidamente e ter diversos outros sintomas que, em conjunto, levam à doença conhecida como hipertireoidismo.
Em contrapartida, o hipotireoidismo é caracterizado por uma atividade baixa da tireoide e leva a uma redução da taxa metabólica basal, o que resulta no aumento de peso corporal e composição de gordura. Vale lembrar que menos de 3% das pessoas obesas mostram funções tireoidianas anormais.
O metabolismo corporal é influenciado por esses hormônios, sendo que na fisiologia normal do corpo humano uma redução da taxa metabólica basal estimula a liberação hipotalâmica de TSH, aumentando a produção por parte da tireoide e elevando o metabolismo de repouso, em um mecanismo de feedback.
Como a tireoide afeta sua qualidade de vida
Os hormônios da tireoide proporcionam a estimulação essencial para o crescimento e desenvolvimento normais, especialmente do sistema nervoso.
Durante o exercício, o nível de T4 livre aumentam em, aproximadamente, 35%, que pode ocorrer pela elevação da temperatura central que altera a fixação proteica de diversos hormônios.
Assim como qualquer outro órgão do corpo, a tireoide também pode adoecer, o que ocorre por estas principais maneiras: funcionando menos do que deveria (o hipotireoidismo), funcionando mais do que deveria (o hipertireoidismo), aumentando de tamanho ou formando nódulos –que podem ser de natureza benigna ou maligna (os cânceres de tireoide).
As doenças da tireoide acometem considerável parcela da população, especialmente –porém, não exclusivamente — o sexo feminino. A boa notícia é que para praticamente todas as doenças da tireoide existe um tratamento com excelentes resultados, inclusive para os cânceres. Este tratamento pode ser com o uso de medicações, elementos radioativos e, eventualmente, com a necessidade de cirurgia. Em pessoas que sofrem disfunções tireoidianas, McArdle et al (2008), cita os seguintes efeitos:
HIPERTIREOIDISMO
- Maior consumo de oxigênio e produção de calor metabólico durante o repouso –a intolerância ao calor constitui uma queixa comum;
- Maior catabolismo proteico com consequente fraqueza muscular e perda de peso;
- Atividade reflexa exacerbada e distúrbios psicológicos (irritabilidade, insônia e até psicose);
- Frequência cardíaca acelerada (taquicardia).
HIPOTIREOIDISMO
- Taxa metabólica reduzida e intolerância ao frio, pela produção reduzida de calor interno;
- Menor síntese de proteínas que produz unhas quebradiças, pelos e cabelos mais finos e pele seca e fina;
- Atividade reflexa deprimida, lentidão da fala e dos processos ideativos e sensação de fadiga;
- Frequência cardíaca lenta (bradicardia).
Deu para perceber quanta coisa importante gira em torno dessa pequena "borboletinha" que temos no pescoço, não é? O objetivo desse texto é justamente informar sobre todos esses aspectos, contar algumas curiosidades, esclarecer mitos e verdades e tirar dúvidas.
Sobre a autora
Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP
Sobre a coluna
Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.