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Condromalacia patelar: sintomas, fatores de risco e tratamentos

Paola Machado

03/01/2019 04h00

Crédito: iStock

A condromalacia patelar, também chamada de lesão condral do joelho ou ainda síndrome da dor patelo-femoral, consiste em uma lesão crônica e degenerativa da cartilagem presente na articulação do joelho.

O joelho é revestido por cartilagem hialina, que tem como função a redução de fricção e da carga mecânica exercida pelo peso de nosso corpo. Essas lesões cartilaginosas são mais comuns em uma região do joelho chamada côndilo femoral. O tecido cartilaginosos não possui veias e nervos, o que impossibilita o reparo e interfere no tratamento.

Sintomas e complicações

A queixa mais frequente pelo paciente são dores na região anterior do joelho ou em regiões próximas à patela, que se agravam ao ato de subir ou descer escadas.

As principais complicações da condromalacia são as dores crônicas do joelho, impedindo assim atividades diárias. A lesão da cartilagem envolve a liberação de enzimas que podem degradar outras estruturas do joelho, e a progressão do quadro pode levar a osteoartrose (desgaste ósseo articular).

Classificação

A condromalacia patelar pode ser classificada em quatro graus, conforme a danificação da cartilagem hialina.

  • Grau I: ocorre o amolecimento da cartilagem;
  • Grau II: já ocorrem fissuras ou fibrilações na região superficial da cartilagem;
  • Grau III: essas fissuras ou fibrilações já atingem regiões profundas da cartilagem;
  • Grau IV: a lesão acomete toda cartilagem, atingindo a porção óssea da região, chamada osso subcondral.

Alguns fatores de risco para a doença podem ser citados:

– Sexo feminino: as lesões são mais comum nas mulheres devido a fatores hormonais e estrutura anatômica do joelho feminino. O uso de salto alto é um fator modificável que gera compressão.

– Atividades físicas que geram impacto no joelho ou exercícios realizados de maneira inadequada: como corridas, atividades com saltos e até mesmo danças que geram estresses repetitivos na articulação.

– Fraqueza muscular na região de joelhos e quadris: a sincronia muscular é necessária para a saúde da articulação. Fraqueza muscular pode gerar instabilidade e compensações ao realizar os movimentos.

– Sobrepeso e obesidade: o aumento de peso corporal influencia diretamente no impacto na articulação.

Diagnóstico

É importante a avaliação clínica e exame físico de um médico ortopedista para o diagnóstico, visto que outras doenças do joelho, como as lesões meniscais, instabilidade femoro-patelares, hoffites (inflamações na região) ou tendinopatias do tendão patelar podem levar a um quadro doloroso semelhante.

Embora radiografias e exames tomográficos de joelho possam ajudar no diagnóstico, o padrão ouro para a observação das lesões é o exame de ressonância nuclear magnética. Atualmente, a termografia também pode ser escolhida como método de diagnóstico.

Tratamento

O tratamento inicial em todas as fases da doença sempre é conservador, ou seja, sem cirurgia. A fisioterapia tem papel relevante no alívio da dor, fortalecimento da musculatura, estabilização e proteção articular. Orientações sobre o uso de calçado, dispositivos de marcha e até mesmo análise na biomecânica do movimento, ou no caso de atletas, no gesto esportivo do paciente são necessários durante o tratamento.

O auxílio medicamentoso dos chamados peptídeos de colágenos (UC II) também promovem a melhora clínica em médio e longo prazo.

Pacientes com graus mais avançados da doença, com lesões e fissuras já estabelecidas na cartilagem do joelho (graus III e IV principalmente), também podem ter como auxílio o uso dos chamados viscossuplementos, que são injeções de ácido hialurônico dentro da articulação do joelho. Essa substância promove a lubrificação, auxilia na cicatrização das lesões e previne novas lesões.

Procedimentos cirúrgicos, como a artroscopia do joelho, podem ainda ser indicados em casos específicos.

Prevenção é fundamental

A prevenção da condromalácia consiste em se manter ativo e manter o peso controlado. É importante que sejam realizadas atividades físicas supervisionadas por profissional capacitado para atender ao quadro clínico. A angulação dos joelhos em que alguns exercícios e movimentos são realizados são importantes para a evolução do tratamento.

Procure um médico ortopedista, fisioterapeuta e educador físico capacitado para tratamento adequado.

*Colaboração da fisioterapeuta Dra. Renata Luri e do Dr. Wilson Cessa Filho,  ortopedista pela sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia

Referências
Ferrari D1, Briani RV2, de Oliveira Silva D3, Pazzinatto MF4, Ferreira AS5, Alves N6, de Azevedo FM7. Higher pain level and lower functional capacity are associated with the number of altered kinematics in women with patellofemoral pain. Gait Posture. 2018 Feb;60:268-272. doi: 10.1016/j.gaitpost.2017.07.034. Epub 2017 Jul 10.
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de Oliveira Silva D1, Briani R, Pazzinatto M, Ferrari D, Aragão F, de Azevedo F. Vertical Ground Reaction Forces are Associated with Pain and Self-Reported Functional Status in Recreational Athletes with Patellofemoral Pain. J Appl Biomech. 2015 Dec;31(6):409-14. doi: 10.1123/jab.2015-0048. Epub 2015 Aug 19.

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Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

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