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A dor no pescoço atrapalha seu dia a dia? Veja o que fazer

Paola Machado

31/01/2019 04h00

A dor no pescoço é denominada como cervicalgia, termo utilizado para o incômodo sentido no nível da coluna cervical.

A coluna cervical fica localizada no pescoço, ligando a cabeça ao tronco. Sua função principal é sustentar a cabeça e promover liberdade de movimentos com devida estabilidade. Ela possui sete vértebras que, juntas, formam uma curvatura chamada de lordose cervical.

Esta curvatura é fisiológica para o corpo humano e é considerado o segmento de maior mobilidade da coluna vertebral. Quando ocorre alguma alteração na curvatura, surge um problema postural e geralmente é a causa de dores e diminuição de funcionalidade dessa estrutura.

A região cervical possui conexão com diversas partes do corpo e assim como toda a coluna vertebral constitui um importante eixo de comunicação entre o sistema nervoso central e periférico, por meio da medula espinhal, contida no canal medular da coluna vertebral. Além disso, é formada por tecidos moles como músculos, ligamentos, cápsulas, tendões, nervos e discos que se ligam a todo o corpo humano.

A dor no pescoço é a quarta principal causa de incapacidade, com uma taxa de prevalência anual média de 37,2%, com incidência maior em mulheres de meia-idade.

Estima-se que metade da população experimentará um episódio de dor no pescoço ao longo da vida. Das pessoas afetadas, 50% continuam a sofrer com algum grau de dor ou ocorrências frequentes, principalmente se não buscarem o tratamento adequado.

A cervicalgia está associada a várias comorbidades, incluindo dores de cabeça, nas costas, depressão e dores em uma ou mais articulações do corpo. Estudos apontam que as pessoas que vêm a desenvolver cervicalgia se enquadram em um desses 4 grupos:

  • Dor persistente na região posterior do pescoço e ou cabeça e região superior das escápulas (costas);
  • Dor e movimento limitado do pescoço;
  • Dor no pescoço após colisão do veiculo motorizado;
  • Dor de cabeça (cefaleia tensional);
  • Cervicalgia com dor irradiada no braço (dor radicular).

Os fatores de risco para cervicalgia são traumas, lesões esportivas, condições de trabalho que englobam doença psicossocial, posturas inadequadas sustentadas por longo período de tempo, tensão muscular, dor nas costas concomitante, depressão, sedentarismo e tabagismo.

Nossos hábitos de vida estão intimamente ligados a este problema: tempo prolongado sentado manuseando dispositivos como computadores, celulares e videogames nos leva a adotar posturas inadequadas.

Como medida de prevenção está a mudança nos hábitos de vida, no que se compete adequação postural bem como combate ao sedentarismo.

A dor geralmente é resultante de tensão muscular devido a hábitos posturais, como posição adotada dentro do ambiente de trabalho por prolongado período de tempo, ergonomia envolvendo posicionamento e altura de mesa e cadeira, esforço repetitivo e transporte de peso inadequado.

Um dos sinais percebidos nas pessoas com cervicalgia decorrentes de seus hábitos posturais é a presença de dor miofascial com pontos gatilhos acompanhado ou não de dor referida. São oriundos de catabólicos irritantes que geram falta de oxigênio e levam à dor isquêmica muscular, consequente processo inflamatório nos músculos e reação fribrosa nos tecidos contíguos, ocorrendo encurtamentos nos grupos musculares que envolvem cabeça e pescoço.

A associação dos sinais e sintomas levam à fraqueza da musculatura envolvida, desencadeando desequilíbrios na coluna cervical e cintura escapular.

O não tratamento permite que a dor se propague para demais estruturas do corpo, devido a alterações posturais adotadas, sua postergação pode levar a outras complicações, relacionadas aos membros superiores e tronco.

Procure um médico para averiguar se os sintomas apresentados estão relacionados a alguma condição ou doença específica.

Como tratar

O tratamento fisioterapêutico, baseado em evidência científica para cervicalgias, visa o controle do quadro álgico (dor) e retorno da funcionalidade, por meio de técnicas que englobam educação, terapia manual e cinesioterapia com o objetivo de ganho de amplitude de movimento, reequilíbrio muscular com fortalecimento adequado e reeducação postural nas estruturas acometidas, além da utilização de recursos eletrofisicos quando necessário.

Para efetivo tratamento, procure sempre um profissional de saúde qualificado, que após uma avaliação criteriosa irá traças a melhor conduta terapêutica, lembrando que o trabalho multidiciplinar potencializa qualquer tratamento.

*Com colaboração da fisioterapeuta Dra. Bruna Farias Barreto  e da fisioterapeuta Dra. Renata Luri

Referências:
– COHEN, Steven P. Epidemiology, diagnosis, and treatment of neck pain. In: Mayo Clinic Proceedings. Elsevier, 2015. p. 284-299.
– INSIGHTS, NEW. Clinical Practice Guidelines Help Ensure Quality Care. journal of orthopaedic & sports physical therapy, v. 47, n. 7, p. 513, 2017.
– KIM, Rebecca et al. Identifying risk factors for first-episode neck pain: A systematic review. Musculoskeletal Science and Practice, v. 33, p. 77-83, 2018.

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Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

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