O que são probióticos e quais os benefícios deles para o organismo?
Paola Machado
12/02/2019 04h00
Crédito: iStock
Várias pesquisas demonstram que a alteração na microbiota intestinal está relacionada ao desenvolvimento de diversas doenças e a um processo inflamatório crônico, considerado a base fisiopatológica para muitos problemas.
Conhecida como "Sibo", a alteração na microbiota intestinal pode ser caracterizada por alteração na quantidade de determinados tipos de bactérias, na predominância de determinadas espécies em detrimento de outras e até mesmo no supercrescimento bacteriano do intestino delgado. Em condições normais, a concentração de bactérias no intestino delgado é muito inferior e é no intestino grosso (cólon) onde mais estão presentes as bactérias intestinais. No entanto, em situações de "Sibo", ocorre um aumento de bactérias no intestino delgado.
Independentemente do tipo de alteração, a disbiose intestinal –termo utilizado para denominar estas alterações nas bactérias intestinais — promove alteração na estrutura das células intestinais, promovendo aumento de permeabilidade do intestino (Leaky gut), o que potencializa a passagem de substâncias pela barreira intestinal, alcançando o sistema imunológico, a circulação sanguínea e diversos outros órgãos do nosso corpo. As consequências oriundas desta permeabilidade intestinal aumentada incluem hiperativação do sistema imune, inflamação e resistência à insulina.
Assim, devido à elevada importância que as bactérias intestinais desempenham na saúde e na doença, os suplementos de probióticos têm sido amplamente utilizado como adjuvantes no controle, prevenção e tratamento de diversas doenças.
O que são probióticos?
Segundo a Anvisa, os probióticos são os microrganismos vivos capazes de melhorar o equilíbrio microbiano intestinal, produzindo efeitos benéficos à saúde do indivíduo. Entre os probióticos mais comuns estão as cepas de Lactobacilos e Bifidobactérias.
Para que servem os probióticos?
A utilização de probióticos estimula a multiplicação de bactérias benéficas, em detrimento à proliferação de bactérias prejudiciais, o que favorece os mecanismos naturais de defesa do ser humano.
O consumo de probióticos promove competição com bactérias potencialmente patogênicas e estímulos positivos ao sistema imunológico, resultando em um aumento da resistência contra patógenos. Além disso, fragmentos das bactérias estimulam diversos receptores de células intestinais, promovendo a integridade das células que compõem o epitélio intestinal e uma boa resposta do sistema imunológico.
Benefícios já demonstrados com o uso de probióticos
Já existem diversos estudos científicos de revisão sistemática que revelam os diversos benefícios obtidos a partir da suplementação com probióticos, entre eles estão:
- Redução de estresse oxidativo e aumento da capacidade antioxidante em adultos;
- Redução de resistência à insulina em gestantes com diabetes mellitus gestacional;
- Controle dos sintomas de colite ulcerativa;
- Redução de dermatite atópica em crianças após suplementação no período pré-natal e pós-natal;
- Redução de enzimas hepáticas, triglicérides e colesterol em pacientes com esteatose hepática não alcoólica;
- Redução no risco de infecções agudas;
- Redução de dores abdominais em crianças constipadas;
- Redução do processo inflamatório na síndrome da fadiga crônica;
- Controle de dislipidemias e hipertensão arterial em pacientes com diabetes do tipo 2;
- Controle das dislipidemias –colesterol total e HDL;
- Redução de processo inflamatório;
- Redução da constipação em adultos;
- Redução de glicemia e hemoglobina glicada em pacientes com diabetes mellitus;
- Prevenção de enterocolite necrosante e redução de mortalidade em bebes prematuros;
- Redução de diarreia causada por rotavírus em crianças.
O que fala a Organização Mundial de Gastroenterologia?
Um recente documento da Organização Mundial de Gastroenterologia traça algumas diretrizes sobre o uso e benefícios dos probióticos. Perante esta sociedade, as aplicações clínicas reconhecidas pelo uso de probióticos incluem:
- Redução da severidade e a duração da diarreia infecciosa;
- Prevenção da diarreia aguda e associada ao uso de antibióticos;
- Fortalecimento do sistema imune;
- Duração maior da remissão da colite ulcerativa;
- Alívio da distensão abdominal e flatulência na síndrome do intestino irritável;
- Redução de cólicas em bebês;
- Melhoria na digestão e absorção da lactose;
- Redução de enterocolite necrosante em prematuros.
Quais espécies e cepas devem ser usadas como probióticos?
As recomendações para o uso de probióticos, especialmente na prática clínica, devem considerar as cepas específicas com os benefícios declarados a partir de estudos em seres humanos. Nas diversas revisões sistemáticas apresentadas como referência neste texto, observou-se o uso de múltiplas cepas. Portanto, consulte um médico e nutricionista para que possam orientá-lo adequadamente sobre a utilização de probióticos.
*Colaboração da nutricionista Dra. Deborah Masquio (UNIFESP)
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Sobre a autora
Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP
Sobre a coluna
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