Hérnia de disco afeta 39% das pessoas com dor lombar crônica; veja causas
Paola Machado
07/03/2019 04h00
Crédito: iStock
A hérnia de disco é uma das doenças degenerativas da coluna vertebral mais frequentes e afeta cerca de 39% das pessoas com dor lombar crônica. Pode causar, além do quadro de dor, acometimento em raízes nervosas e limitação de movimentos.
Antes de entender como ocorre a hérnia de disco é importante compreender que a coluna é composta por 33 vértebras, e entre cada vértebra encontramos o Disco Intervertebral. A principal função do disco é distribuir e suportar as cargas impostas à coluna e proporcionar flexibilidade e resistência aos movimentos, o que o torna um grande aliado de uma coluna saudável.
Você sabia que o disco intervertebral influencia a nossa altura?
O disco intervertebral representa de 20% a 33% da altura da coluna. O disco é constituído por duas estruturas:
- Núcleo pulposo corresponde à parte central do disco, um gel semifluido composto por 70% de água, o que garante resistência à compressão e absorção de impactos;
- Ânulo fibroso que corresponde à parte externa do disco, revestindo o núcleo pulposo, e consiste em um tecido mais fibroso e denso, rico em colágeno tipo 1, que proporciona resistência aos movimentos de torção, tensão e carga axial.
O que é hérnia de disco?
É o deslocamento anormal do disco no espaço entre as vértebras, que pode ocorrer em qualquer segmento da coluna, mas principalmente nas regiões que apresentam maior mobilidade, como a região cervical e a lombar. Pode vir acompanhado ou não de extravasamento do núcleo pulposo. O deslocamento pode levar à compressão do canal vertebral e de nervos periféricos que saem da coluna para levar o impulso nervoso para outras partes do corpo.
Sintomas
As pessoas com hérnia de disco podem apresentar dores na coluna e pode haver espasmo da musculatura, resultando em compensações posturais que levam à escoliose antálgica. A dor pode estar acompanhada ou não de alterações nas raízes nervosas, como irradiações para os membros superiores ou membros inferiores, o que dependerá da localização da hérnia no segmento da coluna.
A região lombar é a mais acometida, podendo levar à ciatalgia, a famosa "dor no ciático", que se estende da coluna até o membro inferior, causada por compressão ou irritação no nervo ciático. Ela pode evoluir com dor e fraqueza muscular em uma perna ou em ambas.
Quais as causas da hérnia de disco?
A degeneração dos discos intervertebrais aparece como um dos problemas. É muito comum por ser um processo contínuo e progressivo com a idade, mas pode variar entre indivíduos. O processo inicia-se com a desidratação do disco e pode desencadear em uma hérnia de disco.
Além disso, existem outros fatores de risco, sendo eles:
- Traumáticos.
- Genéticos.
- Ambientais, posturais, desequilíbrios musculares. Oriundos de hábitos como sobrecarga de peso, demasiado período de tempo em um único posicionamento que leva a limitação de movimento e fraqueza muscular, tabagismo, entre outros hábitos.
Como saber se tenho hérnia de disco?
Para o diagnóstico médico, a ressonância magnética é o exame mais indicado, associado à coleta da história clínica e exame físico de cada paciente. O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico.
O que fazer para prevenir a hérnia de disco?
Manter qualidade de vida com hábitos saudáveis, evitar o sedentarismo com a prática de exercícios físicos regulares sob supervisão de um profissional qualificado e evitar esforço físico inadequado, são as principais formas de prevenir a hérnia de disco.
Tratamento
A maior partes das hérnias discais diminui de tamanho com o tempo, principalmente as hérnias maiores, pois o material é reabsorvido por mediadores inflamatórios e imunológicos locais.
O tratamento inicial é o conservador e tem como base a fisioterapia em associação ao tratamento medicamentoso prescrito pelo médico.
O objetivo é conter o quadro e associar a cinesioterapia (terapia através de movimentos) de forma precoce para reabilitar e promover o retorno às atividades.
Além disso, durante a fisioterapia deve ocorrer a progressão envolvendo exercícios de estabilização. Estudos recentes mostram que exercícios de estabilização e controle motor apresentam mais benefícios que recursos eletrofísicos, como o famoso "choquinho", no tratamento de pacientes com hérnia de disco, com alívio de dor e melhora funcional.
Em 60% a 90% dos pacientes o tratamento conservador é bem-sucedido. Mais: 66,6% dos casos de hérnia de disco são reabsorvidos e em caso de dor no nervo ciático, há um melhora em 50% dos pacientes.
Já em caso de comprometimento neurológico, síndrome da cauda equina, mielopatia ou falha do tratamento conservador, a cirurgia torna-se o tratamento mais indicado.
Em caso de dor na coluna, com irradiação da dor para membros superiores ou inferiores, procure um profissional da área da saúde capacitado para te ajudar.
*Colaboração da fisioterapeuta doutora em Ciência da Saúde pela Unifesp Renata Luri e da fisioterapeuta especializada em afecções da coluna vertebral Dra. Thais de Almeida.
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Sobre a autora
Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP
Sobre a coluna
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