Dor na lateral do joelho ao correr? Entenda a síndrome da banda iliotibial
Paola Machado
23/07/2019 04h00
Crédito: iStock
A síndrome da banda iliotibial (SBIT) é uma das causas mais comuns de dor na parte lateral do joelho. Geralmente afeta praticantes de atividades físicas que envolvem flexo-extensão (dobrar e esticar) do joelho em um ciclo rápido e repetitivo. Por isso, é uma das lesões mais comuns em corredores. Também pode ocorrer em ciclistas, nadadores e jogadores de basquete e futebol.
Na última década, os consultórios apresentaram uma elevação de pessoas procurando por tratamento para a SBIT, o que pode estar relacionado ao aumento de corredores pelo mundo. A lesão afeta mais mulheres e raramente ocorre em pessoas sedentárias.
Entenda o que é a SBIT?
A banda Iliotibial é a continuação dos músculos do quadril (tensor da fáscia lata, glúteo médio e máximo), formando uma fáscia que se insere nos ossos da perna (tíbia, fêmur e patela).
Não há um consenso sobre a etiologia, mas acredita-se que há múltiplos fatores. Uma das teorias refere-se ao atrito da banda com a lateral do fêmur (osso da coxa), em uma região chamada de epicôndilo lateral. Movimentos repetitivos de flexo-extensão do joelho poderiam levar a uma inflamação na área de contato. Outra teoria é a inflamação crônica da bursa entre a banda e o epicôndilo lateral.
Os fatores de risco para a SBIT são:
- Fatores modificáveis Corrida em superfície inclinada e em montanhas, erros na técnica de treinamento, mudanças abruptas da intensidade do treinamento, flexibilidade reduzida e fraqueza muscular (em especial dos músculos abdutores do quadril).
- Fatores anatômicos Rotação interna da tíbia, pronação excessiva do pé, diferença no comprimento das pernas e aumento da proeminência dos epicôndilos laterais.
O diagnóstico é clínico e dificilmente requer exames de imagem. Testes físicos específicos são feitos para auxiliar no diagnóstico. A radiografia pode ser solicitada para descartar outras patologias, como fraturas ou osteoartrite. Em radiografias de pacientes que apresentam somente a SBIT, a radiografia estará normal.
Sintomas e sinais
- Dor lateral do joelho, com história de mudança recente em atividades aeróbicas prolongadas.
- Dor pode aparecer ao final ou início da atividade, também pode ocorrer em repouso.
- Ao palpar a banda, na região mais próxima ao joelho, pode apresentar dor e crepitação em amplitudes de movimento.
Como tratar a síndrome?
O tratamento inicial é conservador e envolve uma abordagem multidisciplinar. O primeiro passo é interromper a atividade física. A crioterapia (gelo) pode ser feita na fase aguda. Podem ser prescritos anti-inflamatórios não esteroides e injeções de corticoesteróides para controlar dor e inflamação.
A fisioterapia faz parte do tratamento com o objetivo de liberar contraturas, fortalecer e alongar as musculaturas envolvidas e treinar os gestos esportivos.
Entre 4 e 8 semanas, 50% a 90% das pessoas em tratamento conservador conseguem retornar às suas atividades. O retorno à atividade deve ser de forma gradual, sem dor na atividade e sem dor à palpação.
Caso após 6 meses ainda haja a persistência dos sintomas, há indicação cirúrgica. Por isso, vale a pena seguir o tratamento conservador e acompanhar com seu médico.
O mais importante é a adesão ao tratamento como a chave para a recuperação. A educação sobre os processo de recuperação é importante para entender que pode ocorrer recidivas quando houver retorno à atividade. O acompanhamento dos profissionais de saúde é necessário para prevenir a progressão e recidiva da SBIT.
*Colaboração da fisioterapeuta Doutora em Ciências da Saúde, Dra. Renata Luri e da fisioterapeuta especializada em Coluna, Dra. Thais Almeida
Referências:
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Sobre a autora
Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP
Sobre a coluna
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