Conheça cinco mitos sobre dor muscular após o treino
Após os exercícios físicos, há diversas adaptações no nosso corpo e algumas você pode nem perceber por ocorrerem de forma "micro". Você já reparou que quando você faz um exercício novo ou mais intenso, há uma sensação de dor na região no dia seguinte?
Isso ocorre porque durante a sobrecarga ocorrem microlesões nas fibras musculares e, com isso, inicia-se um processo inflamatório no local que faz parte de um processo de adaptação do sistema neuromuscular. Uma cascata de eventos e substâncias vasodilatadoras são liberadas no tecido lesionado. Nas primeiras horas, os neutrófilos iniciam o reparo tecidual. Após seis a oito horas, monócitos migram para o local e no tecido são convertidos em macrófagos, liberando sinalizadores de dor.
A percepção de dor depende da resistência individual. A dor que se sente em seus músculos de 24 a 48 horas após o treino é o que chamamos de dor muscular de início tardio (DOMS). Nesse período pode acontecer de forma temporária um distúrbio do controle neuromuscular, diminuição da força e piora do desempenho físico.
5 mitos e dicas
Se não doeu significa que não foi eficaz?
A presença ou ausência de DOMS pode indicar que aquele grupamento muscular está acostumado à intensidade e ao tipo de exercício. No entanto, os benefícios de fortalecimento e ganhos neuromusculares não se relacionam com a dor muscular nem com a hipertrofia.
Sinto muita dor durante e após a prática. Acho que estou me machucando.
O desconforto pode ocorrer porque você não respeita o tempo para seus músculos se recuperarem ou seu exercício está muito intenso. É muito importante ter o acompanhamento de um profissional de saúde durante seus exercícios. Após 48 a 72 horas seu músculo já pode retornar aos exercícios. No entanto, se a dor limita a execução do movimento e persiste, pode ser sinal de lesão, por isso, cesse os exercícios e procure um profissional de saúde.
Tomo anti-inflamatório para passar essa dor e poder treinar no dia seguinte. Assim, asseguro meu rendimento no treino.
O processo inflamatório e a cascata de eventos que se segue envolve a recuperação do organismo depois dos exercícios. Se você tomar anti-inflamatórios após os exercícios na tentativa de reduzir o incômodo, você inibe a produção de enzimas importantes para a manutenção do processo de reparo do tecido. Além disso, a automedicação e uso indiscriminado de anti-inflamatórios põem em risco não apenas o resultado do seu treino, mas também sua saúde geral.
Toda vez que faço algum movimento novo, sinto dor no dia seguinte.
Ao realizar algum exercício que não está habituado, há um novo estímulo e um padrão de recrutamento neuromuscular diferente, o que pode levar a dor muscular tardia. Para cada exercício, há uma rotina diferente que o profissional de educação física poderá orientar.
Recuperação e alívio da dor.
O mais importante é respeitar o tempo de recuperação do corpo. Além disso, os estudos apontam que a liberação miofascial –técnica de massagem que aplica pressão em alguns pontos do corpo e ajuda a relaxar e alongar os músculos– por 20 minutos realizada em até duas horas após o exercício é eficaz em acelerar a recuperação, reduzir a sensação de fadiga e de dor.
*Colaboração da Fisioterapeuta Doutora em Ciências da Saúde pela Unifesp, Dra. Renata Luri e da Fisioterapeuta pela UNIFESP, Dra. Juliana Satake